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A TERRA do ALTO ALENTEJO

A TERRA do ALTO ALENTEJO

10
Abr11

O SECTOR ECONÓMICO NA TERRA DE TOLOSA

DELFOS
O nível social e económico de Tolosa é dos mais elevados do Alentejo.
 
Encontram-se aqui um grande número de pequenas indústrias, uma intensa exploração pecuária e o cultivo intensivo das propriedades, característico das regiões onde predomina o minifúndio.
 
A indústria dos lacticínios é sem dúvida aquela que maiores proporções atinge, quer devido ao elevado capital que movimenta, quer sobretudo devido à grande quantidade de pessoas que emprega. Está exclusivamente dimensionada para a produção de queijo, através de processos semi-industriais, em mais de quinze “queijarias” particulares.
Todos os dias entram em Tolosa cerca de 20.000 litros de leite de ovelha e cabra.
A sua proveniência é bastante variada. Cerca de 20% vem do concelho de Idanha-a-Nova, na Beira Baixa. O restante é comprado aos diversos lavradores e Unidades Colectivas de Produção espalhadas pelo distrito de Portalegre. Ainda de madrugada, sai grande quantidade de camionetas ligeiras para a recolha do leite.
 
Se pensarmos no elevado número de raparigas empregadas nas queijarias, nos motoristas que aqui encontram trabalho, no grande tráfego rodoviário e o consequente desenvolvimento da indústria automóvel, nas grandes criações e engordas de porcos com o soro de leite fermentado, concluiremos que se trata de uma riqueza considerável. Esta indústria artesanal origina aqui um movimento aproximado dos mil contos – O blog aqui diz que a verba mencionada não corresponde à importância actualmente. O blog diz que o movimento dos mil contos era no final dos anos setenta ou os primeiros dois ou três de oitenta.
 
Outra actividade florescente nesta terra é a indústria de moagem e panificação. A farinha de trigo aqui produzida, nas três moagens existentes – vejam caros leitores três moagens existentes – serve a maior parte das padarias em actividade nos concelhos limítrofes. Muitas destas padarias são até administradas directamente pelos proprietários das moagens.
Vale a pena referir que os actuais proprietários das moagens começaram a sua ctividade nos moinhos ou azenhas, movidos pela força hidráulica, instalados na Ribeira do Sôr –  
 
O blog pergunta ou diz que ninguém conhece este Sôr tão belo e violento ou a planície verdejante ou uma terra de secura e ninguém já se lembra deles e o que foram estes moinhos aqui tão perto desta Comenda e que político nem sequer quer saber para avivar a memória da sua plebe ou lá um estrangeiro ou uma estrangeira que um dia pise estas terras e queira o lá saber.
 
Com o evoluir dos tempos, este tipo de trabalho artesanal perdeu toda a rentabilidade económica. Porém, não cruzaram os braços… Antes pelo contrário, acompanharam o progresso e puseram a tecnologia moderna ao seu serviço, com evidentes reflexos no desenvolvimento desta terra.
 
Há ainda um grande número de negociantes que se dedicam à compra de azeitona destinada à conserva. Uma boa parte é produzida nas pequenas propriedades que circundam Tolosa. A restante é proveniente dos lavradores e pequenos proprietários das redondezas. Todos os anos daqui saem muitas centenas de toneladas de azeitona, que vão abastecer os mercados dos grandes centros urbanos.
 
Merecem referência algumas carpintarias mecânicas, às quais está ligado o acabamento e comercialização de mobílias.
 
Existem também oficinas de ferreiro bastante modernizadas.
 
Outra actividade característica desta terra é a indústria de latoaria. Conservou-se ao longo de muitos anos como um trabalho quase exclusivamente manual, onde o mestre e os aprendizes labutavam de manhã à noite. Mas a evolução tecnológica também se reflectiu neste sector. Assim, as latoarias foram modernizadas, o homem recorreu ao auxílio da máquina e, como consequência, a indústria ocupou o lugar do artesanato. Os diversos artigos, produzidos na folha de flandres, folha de alumínio, chapa de ferro e chapa galvanizada, abastecem os mercados de muitas povoações, espalhadas por todo o país.
 
Há vários anos atrás, existiam em Tolosa várias oficinas de sapateiro, onde os operários, quase sempre o dono da oficina e os familiares, se dedicavam à confecção do calçado, utilizando processos artesanais.
Com o evoluir da indústria do calçado, estas oficinas deixaram de ter rentabilidade económica. Alguns sapateiros, conhecedores experimentados do volume de vendas nos mercados e feiras, compraram furgonetes e dedicaram-se à comercialização do calçado industrial. É outro sector que deu um pequeno contributo para o desenvolvimento económico da localidade.
 
 
A partir de 1965, desenvolveu-se aqui uma indústria de máquinas de aluguer, bem característica da tecnologia moderna. Trata-se de enormes tractores de lagartas, mais conhecidos por máquinas deterraplanagem, com variadas aplicações.
Inicialmente, surgiram para lavrar terrenos incultos e muito duros, à profundidade de quase um metro, destinados às plantações de eucaliptos. Como este trabalho foi rareando, hoje essas máquinas são empregadas na construção de albufeiras ou barragens, na lavoura de terrenos destinados à plantação de vinhas e muitos outros trabalhos que exigem elevada potência.
 
Outro sector de actividade largamente desenvolvido nesta vila é a construção civil. A edificação de várias casas para habitação própria, a reconstrução e a melhoria de muitas já existentes, a ampliação de instalações pecuárias e industriais, originaram um grande desenvolvimento na arte de pedreiro. Aqui existem muitos e bons praticantes, que auferem vencimentos bastante compensadores.
 
Como consequência deste surto de desenvolvimento, surgiram vários proprietários de camiões pesados que, a par de outros trabalhos, se dedicam ao transporte e comercialização dos materiais destinados à construção civil. Alargam mesmo o seu comércio a muitas povoações vizinhas.
 
O sector pecuário também está muito desenvolvido, devido à existência de grande número de proprietários.
Existem muitos de raças muar e asinina, destinados a trabalhos agrícolas. Quase todas as famílias têm uma reduzida quantidade de cabras e ovelhas que, além de lhes proporcionarem o dinheiro das crias, ainda permitem o fabrico de queijos para consumo da casa. Todavia, é a criação de vacas para produção de leite, que ocupa hoje o lugar cimeiro na actividade pecuária. Além do considerável rendimento que resulta da venda de crias, a comercialização do leite, que todos os dias é transportado para Portalegre, tem um significado considerável na economia dos pequenos produtores.
 
PEQUENA MONOGRAFIA DE TOLOSA /  ALZIRA MARIA FILIPE LEITÂO

Digos que parece mesmo uma cidade estas Terras de Tolosa. Parece que tem assim um cheiro a cosmopolita. Lhe chamam a terra dos cucos. Que malvadez ou a mais pura inveja o blog lhes regista. Ela é rica. Ela bafeja um sucesso económico muita grande na zona Alentejo que mora no alto. Não sabe se não será das mais ricas nele. Não se sabe se não será só ultrapassada pelas Terras de Galveias no concelho de Ponte de Sôr.
07
Fev11

AREZ EM 28 DE ABRIL DE 1758

DELFOS
O que posso informar sobre os interrogatórios que sua Magestade foy servido remeter a vossa excelência a respeito do que se procura saber desta villa de Arez, respondo a cada interrogatório pellos seus números, o que alludy o hé da forma seguintes:
1,º Fica esta villa de Arez em a província de Alentejo no Bispado e Comarca de Portalegre. He uma só freguesia, nem pertence a outra alguma, nem termo seu.
2.º Hé del rey.
3.º Tem oitenta vizinhos, os quais contam de cento e noventa e duas pessoas mayores, trinta e quatro menores com cincoenta e dous ennocentes.
4,º Está situada em hum pequeno alto do qual se nam descobre povoaçam alguma.
5.º O termo hé seu e nam comprehende lugar nem aldeya alguma.
6.º A paroquia está fora da villa porem chegada ás ruas da mesma de sorte que algumas acabam ao pé da igreja e nam tem a freguezia lugar ou aldeya que lhe pertença.
7.º O seu órago hé Nossa Senhora da Graça, tem três altares, o mor em que está o Santíssimo Sacramento e a imagem da dita senhora e a de sam joam Baptista. Dous collaterais, o da parte do Envagelho, hé da Senhora do Rosário e nelle está a imagem da mesma senhora, mais outra imagem com a senhora com o titulo dos Remédios, e outra do glorioso mártir Santo Sebastião. O da parte da Epístolla tem três imagens uma do glorio Apóstollo sam Pedro, outro do glorioso sam Francisco, e da outra da gloriosa santa Luzia, este altar tem o titollo das almas porem he ornado do que queira, pella confraria do Santíssimo Sacramento. Tem três Irmandades, huma do Santíssimo Sacramento, outra da Confraria da Senhora do Rosário e outra da Confraria das Almas, as quais cada huma he administrada por hum reytor, escrivam, thesoureiro, dous mordomos que todos os annos sam eleyttos e servem os que sahem a mais votos. Nam tem Naves.
8.º O Párocho hé vigário, freyre professo da militar Ordem de Christo apresentando a el rey Nosso Senhor como Gran mestre que he das três ordens militares e as suas ordenações se lhe expedem do tribunal da Mesa da cosnciência E Ordens e afirmadas Pello ditto senhor. Tem de renda em cada hum anno três moyos de trigo vinte mil réis em dinheyro, e sincoenta e dous almudes de vinho, e vinte e quatro arratéis de cera fina obrada com obrigaçam de dar a meyo nosso cura para as funções da igreja pertencentes ao parocho.


Nam tem Beneficiados e somente tem hum thesoureiro, clérigo in minoribus, digo clérigo do habitto de Sam Pedro a apresentado pello tribunal da mesa da Comarca e Ordens, tem de renda em cada hum anno hum moyo de trigo, seis alqueires, vinte seis almudes de vinho com obrigaçam de dar vinho e hóstias para as missas que se dizem na igreja, tem mais vinte e quatro arratéis de cera fina com obrigaçam de dar meio anno a cera que se gastar nas missas e mais funçoens da igreja tem sam tem mais seis tostoens por hir buscar os santos Christo de Porttalegre, e hum cruzado e dous arratéis de sabão para a lavagem da roupa da Igreja e mais hum arratel de incenço para as funções da mesma igreja.

10º Nam tem Convento algum.

11º Nam tem hospital e somente huma casa casa térrea a que chamam Hospital, mas nam tem camas, nem paramento algum, e na ditta caza se acomodam alguns pobres, passajeiros porem sustemtam das esmollas, que os fiéis christoens lhe dam e de algumas que lhe dá a Irmandade da Misericórdia de quem sam as dittas cazas. Nam tem administrador nem renda alguma.

12º Tem Irmandade da Misericórdia hé esta na Ermida do Divino Espírito Santo porem nem se sabe qual foy a sua origem por nam haver livros antigos que procedam como também os da igreja quando o inimigo invadiu este reyno, e entrou em esta villa o anno de mil septecentos e quatro, e dos livros e dos livros que he desde esse tempo a esta parte nam consta cousa alguma e tem a ditta Misericórdia de renda annual reportaos huns annos por outros quatorze mil rés e em qualquer destas couzas nam há cousa notável.

13º Tem duas ermidas, huma do Divino Espírito Santo em a qual faley no interrogatório assima próximo e tem trêsaltares. O principal tem a imagem do mesmo Divino Espirito Santo e o da parte do Envagelho tem a imagem do glorioso santo amaro e o da parte da epístolla tem a imagem do senhor crucificado e está a dita ermida com as portas dentro da villa, e hé administrada pelo provedor e mais irmãos da Misericórdia. Tem outra Ermida do glorioso Santo António que dista desta villa hum quarto de légua e tem somente hum altar com a imagem do mesmo sancto e hé administrada por hum reytor, escrivam, thesoureiro e dous irmãos que todos os annos se elegem.

14º Nam tem romagens em dias certos mas alguns devotos em dias incertos lhe vam fazer romarias.

15º Os moradores desta villa os fructos que recolhem hé de centeyo com alguma abundância, trigo, vinho e azeyte destes três fructos pouco.

16º Tem dous juízes ordinários e camera que consta de juiz dous vereadores, hum procurador e escrivam da camera e nam tem sujeiçam de outra terra.

17º Nam há que dizer a este.

18º Nam há memória de em este se refere e só sahio desta terra o Doutor Miguel Loppes Caldeyra Provedor da Comarca de Évora com beca de Desembargador.

19º Nam há que dizer a este.

20º Nam tem correyo, e se serve pello estafetta da vila de Niza que dista desta quatro légoas e vai levar as cartas desde a cidade de Portalegre que dista seis léguas de huma e doutra villa e as torna a ir buscar no Sábado e no Domingo com ellas.

21º Fica esta villa distante da Cidade de Portalegre, cappital do Bispado, seis légoas e da de Lisboa cappital do reyno trinta e huma légoas.

22º Nam há privilégios nem anteguidades nem couzas dignas de memória.

23º Nam há que dizer a este.

24º Nem a este.

25º _______________________________________________ // ____________________________________________
Nem a este, nem a vigessimo seisto nem septimo.
O que se procura saber d´essa serra he o seguinte:
Enquanto aos interrogatórios de Serra nam tenho que informar pello nam haver no termo desta villa.
______________________________________________ // _____________________________________________
O que se procura saber do Rio d´essa terra he o seguinte:
As questões aos interrogatórios de rios respondo pella ordem delles digo:


Nam tem esta villa e seu termorio notável algum, somente passa pello seu termo huma pequena ribeyra chamada Figueiró que nasce no sítio da courella entre os termos de Alpalham e Castello de Vide e finda no rio Tejo em o sitio dos Oleyros, entre os termos de Vila Flor e Amieyra.

Nam hé a ditta ribeyra caudelosa nem percorre seca no veram.

Nam há que dizer a este.

Nem a este.

Hé a ditta ribeyra de Curso quietto, e nam experimenta arrebatada só quando há alguma tempestade ou invernada grande.

Corre de Nascente a poente.

Cria alguns peixes miúdos, que se costumam pescar lá à cana, são chamados huns Barbos, outros Bordalos e outras pardelhas.

As pescarias se fazem por divertimento quando cada hum quer.

Sam livres as pescarias.

10º As margens da ribeyra se costumam lavrar e semear de pam e nam tem arvoredos.

11º Nam há que dizer a este.

12º Conserva sempre o mesmo nome.

13º Morre em o rio Tejo já ditto em primeiro interrogatório.

14º Nam há que dizer deste.

15º Tem hum pontam de pás com os alicerces de pedra, em o sítio chamado da Nave no termo desta villa.

16º Na mesma ribeyra e termo desta villa está hum lagar de azeyte em o sitio chamado da Billa e dous moinhos, em o sitio chamado o fundo do valle longo e outro em o sítio chamado da Vergeira.

17º Nam há que dizer a este.

18º Hé livre o uso das suas ágoas

19º Tem a ditta ribeyra de comprimento três légoas, pouco mais ou menos passa em pouca distancia da villa de Nisa, e dista desta um quarto de légoa.

20º Nam há que dizer a este. He o que posso informar e dizer sobre os interrogatórios.

Arez, 28 de Abril de 1758

O vigário Frei Paulo Braz Giraldes
Tese de mestrado em História Regional e Local apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 2008
URI: http://catalogo.ul.pt/F/?func=item-global&doc_library=ULB01&type=03&doc_number=000546695
http://hdl.handle.net/10451/1738



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