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A TERRA do ALTO ALENTEJO

A TERRA do ALTO ALENTEJO

09
Abr11

CARTA ARQUEOLÓGICA DE AREZ

DELFOS

 

"Arez da Idade Média à Idade Moderna: um estudo monográfico Leitão, Ana Cristina Encarnação Santos Tese de mestrado em História Regional e Local apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 2008 http://catalogo.ul.pt/F/?func=item global&doc_library=ULB01&type=03&doc_number=000546695

http://hdl.handle.net/10451/1738"

 

A referida autora, os apontamentos que venho transcrevendo e seus, com a autorização da referida Universidade onde fez a sua tese, ela no seu levantamento cita o seguinte:

Horta das Póvoas.
Sepultura antropomórfica.
O seu estado de conservação é Bom.
É talhada num afloramento granítico.
Tem moldura em relevo,
D. 1,72m comp., 0,56lg. 0,40pfd.

Tapada da Choça VII.
Sepultura antropomórfica.
Alta Idade Média.
Esta sepultura não está identificada.
É numa área afectada pela plantação de eucaliptos.

Tapada da Choça VIII.
Sepultura antropomórfica.
Alta Idade Média.
Não é também identificada.
É numa área afectada pela plantação de eucaliptos.

Tapada da Choça IX.
Sepultura antropomórfica.
Alta Idade Média.

Bom estado de conservação da mesma.
É talhada num afloramento granítico. Tem moldura em relevo.
Foi abandonada antesda sua conclusão.
D. 1,40m comp., 0,50mlg e 0,10m prf.

Tapada da Choça I.
Sepultura antropomórfica.
Bom estado de saúde da mesma.
Não deixa de ser para mim um orgulho.
É escavada num afloramento granítico.
A mesma enconta-se parcialmente coberta de blocos de granito.
D. 1,80m comp., 0,57m lg min.

Tapada da Choça II.
Sepultura Antropomórfica.
Alta Idade Média.

Bom é o estado dela.
É talhada num afloramento de granito.
Tem moldura de relevo.
Tem de marcação do encaixe dos ombros.
D. 1,80m comp., 0,40 m lg, 0,60m prf.


Tapada da Choça III.
Seputura antropomórfica.
Alta Idade Média.
Bom é o seu estado de conservação.
Talhada num afloramento de granito
Tem moldura de relevo e D. 1,65m., comp., 0,50lg. 0,40pfd.


Tapada da Choça IV.
Sepultura antropomórfica.
Alta Idade Média.
Muito Bom é o seu estado.
Talhada num afloramento de granito.
Apresenta a mesma moldura de relevo.
D. 1,80m comp., 0,65m de largura máx. e 0,50 lg. Min. e 0,40m prf.

Tapada da Choça V.
Sepultura antropomórfica.
Alta Idade Média.
Bom.
É a mesma talhada num afloramento granítico.
Tem moldura de relevo.
D. 1,80m comp. 0,45lg. e 0,60 prf..
Está parcialmente coberta por um bloco de granito de grande dimensões.
Encontra-se a cerca de 10m da Sepultura IV.

Tapada da Choça VI.
Sepultura antropomórfica.
Alta Idade Média.
Bom.
Boa.
Está ainda muito boa para as curvas no tempo.
È talhada num afloramento de granito.
Apresenta a mesma,  moldura de relevo.
Nota-se uma diferenciação na zona da cabeceira  um provável encaixe para a cabeça que será mais simbólicio do que funcional.
D. 1,75m comp. , 0,45 lg. Min., 0,60m de prf e 0,40m de prf.

Na Ribeira do Figueiró existe um Pontão.
É do período medieval.
O seu estado de conservação é Bom.
Constituído por blocos de granito.
Tem dois arcos de volta perfeita.
Tem talha-mares a montante.
Não possui apoios laterais nem negativos dos mesmos.
No lado Este, acesso ao Monte Claro.
O tabuleiro prolonga-se sobre os afloramentos graníticos onde sobe este existem reentâncias que permitem passagem de água.

Herdade de Santo António.
Na Herdade de Santo António encontra-se uma Ermida.
É do período medieval/moderno.
O seu estado de conservação é Bom.
Séc. XIV.
Um só corpo.
Tem contrafortes laterais.
As janelas são em fresta.
A porta é com arco em ogiva.
Tem impostas quadradas que encimam ombreiras.

Talefe.
Mas o que será o Talefe?
Fogo!
Assim não vale.
Aqui se está vendo mesmo uma nora.
Talefe. Bem... Talefe é uma gravura rupestre (cruz).
Ei lá que aqui tem estado de mistério e os anos se sugerem longos, uma eternidade nestas terras ou o bravio animalesco delas.

Na Tapada da Choça existe uma Pia.
O seu período é interminável.
O seu estado de conservação é bom.
É uma depressão num afloramento granítico com uma forma ovóide e uma abertura a Este.
D. 1,35m comp., 0,50m lg, 0,40 prf.

Na Ribeira do Figueiró há Passadouros.
São do tempo Modernos.
O seu estado de conservação Bom.
Situado na passagem para o Monte Claro.
É um alinhamento de blocos paralelipipédicos de granito que permite o atravessamento a pé da ribeira.
O leito da ribeira encontra-se calcetado nesta área.

Largo da Igreja.
Igreja.
É do tempo Moderno.
O seu estado de consevação é Bom.
Séc. XVI.
Remodelada.

Sob impostas quadradas.


Largo António A. Bastos.
É o Cruzeiro. Está o Cruzeiro.
O seu período é moderno.
O estado de conservação do mesmo é Bom.
Cruzeiro em granito de cruz simples sobre uma peanha de 3 degraus.


Rua Alexandre Herculano 15.
(Cruciforme). Cruz num lintel.
É do tempo Moderno.
Bom.

O seu estado de Conservação é Bom.
Cruciforme gravado numa cantaria de granito de uma janela.
A base da cruz é triangular.
É representando pequenos degraus.
Eles parecem representar o Calvário.
Trata-se de um reaproveitamento daquele bloco de cantaria uma vez que o crucuforme se encontra invertido.
D. 0,18mlg. e 0,30m alt.


Rua São João de Deus.
Capela.
Uma capela.
A dita é do tempo Moderno.

Bom.
O seu estado de conservação é Bom.
Séc. XVI.
Frontaria tem no fecho uma sineira simples.
Porta renascentista.
De granito.

De granito, com arco redondo apoiado sobre duas meias colunas com bases e capitéis quadrados.
Na verga uma cabeça esculpida e, aos lados uma face radiante e uma caveira e dois ossos.


Tapada da Choça.
Abrigo.
Estado de conservação Bom.
Conjunto de afloramentos graníticos.
São de grandes dimensões.
Formam uma pala que protege um corredor com o sentido sul-norte em que a entrada é a Norte.
D. 12m comp. aprox. e 3m lg máx.
Registam-se várias zonas de fogueira não estruturadas.
Identificaram-se fragmentos de cerâmica de roda e um percurtor.
Um dos fragmentos cerâmicos parece terpertencido a um recipiente de armazenamento de grandes dimensões.

A autora, a senhora que ainda nos vai dando estes puros momentos de lazer e nos brindou um pouco com o conhecimento do nosso passado, na zona - aqui muito especialmente a todas estas terras e terrolas que circulam esta aldeia e freguesia de Arez, ela parece que tem muita força e é muito sumarenta e tem um gosto a muito gostosa estas terras de Arez e meus caros nunca o sabeis como o sinto no deserto deste Alentejoe a liberdade me vai na alma... O pouco ainda se vai protegendo e valorizando.

 

Não se lhe pode dizer que o concelho de Gavião lhe siga os mesmos passos.

 

Este espaço concelhio e geográfico está muita longe do concelho de Nisa.

Do Crato.

De Monforte.

De Alter do Chão.

Castelo de Vide.

Marvão.

Que de fronteira não conheço e não sei como se encontra o assunto.

 

Quero aproveitar.
Aproveito pois então.

Aos meus amigos e caros, José Joaquim, MMendes, e o colega de outos tempos em outras cerebrais, o pouco em mim ainda está e vai ficando, o meu caro e amigo Jaime Crespo, a referida autora diz na sua obra que a gentil, a educada, a criativa, ou seja lá um condado esta vila de Nisa, a autora diz que quando estava fazendo a sua Tese, a Câmara Municipal de Nisa estava fazendo a sua Carta Arqueológica.

Aos meus amigos e caros, tão só e simplesmente este meu peito aberto em uma pequena literária, a notícia em mim honra-me este Alentejo, este bocado do Alentejo no Norte é muito gratificante que a história, a nossa, ela se valoriza, se dá o valor que ela tem, como se não fosse ela, um cartão de visita que se oferece a quem nos visita, ou o turismo não seja o quinto ou o segundo negócio do mundo.
Acredito que o caro Ceia da Silva e a sua "Turismo do Alentejo, ERT", o esforço por si e a organização que comanda com os colaboradores, penso que toda a equipa só pode estar contente. Assim o penso e vos digo.

Não sei.

Não sei se a referida Carta já está concluída.
Ou se houve uma partida já para o terreno, com este passado da malta.

A coisa, em esta minha memória se não me falha, no meu entendimento, a afirmação vai a fazer três anos quando a autora o disse, e que assim o penso e o registo no tempo desta planície que tão lento ela está e vai ficando.

Lameto.

Como a coisa dói tanto. 

Dói muito.

Sinceramente...

No concelho onde me encontro, nestas coisas de passar pela camarária do Gavião, nela, em ela me foi dito que este ano corrente logo em Janeiro, a Câmara Municipal de Gavião ía fazer a sua Carta Arqueológica do concelho.

Passado algum tempo, ao dar uma olhada pelas actas da mesma, o meu espanto é que a deliberação tomada não estava registada em acta.

 

08
Abr11

A ORDEM MILITAR DO HOSPITAL EM AREZ

DELFOS
 
A Ordem do Hospital, desde o momento que chega ao Condado Portucalense, cumpre a sua função assistencial, como prova a doação feita em seu benefício, em 1145, pelo arcebispo de Braga, do hospital edificado por Pedro Ourives e respectivos bens situados em Braga.

 
A reforçar esta situação, cinco anos mais tarde, Pedro Ourives doou ao prior a Igreja de S. João, o cemitério e certas casas existentes nos subúrbios da referida cidade. Aliás, parece-nos correcto reconhecer na doação de 1145 o papel concreto que a Ordem desempenhava ao nível sóciocaritativo de apoio aos peregrinos que se dirigiam a Santiago de Compostela, e de que Leça do Balio era uma base de apoio, como indica o próprio traçado viário da altura.

 
Assim parece plausível que a prossecução deste programa assistencial tenha sido um parâmetro importante no processo de implantação da Ordem em Portugal, nomeadamente na sua primeira instalação em Leça.

Por outro lado, a inserção destes freires num projecto concertado de actuação militar aguardou pelo final do séc. XIII.Este processo tem lugar, pelo menos, em 1194, ano em que D. Sancho I doa aos freires a terra de Guinditesta, impondo-lhes a obrigação de construírem o castelo de Belver, no contexto dos desastrosos anos de 1190-91 para as tropas cristãs no domínio da Reconquista.

 
Com esta atitude, o monarca revela que acredita no potencial militar desses indivíduos e na sua correspondente capacidade de povoamento do território.
Não tardará o reforço deste núcleo de implantação hospitalária, já que em 1232, a Ordem recebe o Crato, com a obrigação de os freires povoarem e amuralharem este local, o que lhes irá permitir, anos mais tarde, ali instalar a sua casa conventual e reforçar a sua presença nesta zona. Em termos objectivos, a manifestação do exercício das duas funções primordiais dos freires de S. João de  Jerusalém, recordamos, assistência e prática das armas, materializa-se nas doações de Leça e de Belver.

 
A primeira, como matriz da prestação de cuidados assistenciais, no âmbito da peregrinação a Santiago de Compostela, e a segunda, como padrão de um comportamento militar, no contexto da cruzada e da reconquista.
Será, pois, no final do séc. XII que o ramo português da Ordem do Hospital assume a sua militar, o que se coaduna com a obrigação de os elementos que pretendem ingressar responderem, pelo menos a partir de agora, a critérios ligados à actividade bélica.

 
Para além das armas, a Ordem apresentava-se por várias outras razões, como uma opção estratégica para alguns sectores da nobreza portuguesa.
De um modo geral, as Ordens Militares são potencialmente atractivos para a aristocracia, como tem sido sublinhado.

 
Assim, no caso concreto dos Hospitalários, podem ser aduzidas razões como prestígio de ser uma instituição supranacional com origem na Terra Santa e no ambiente de cruzada, o aliciante que constituía a prática da virtude da caridade e da hospitalidade, o potencial que a Ordem tinha de sufragar as almas dos seus professos e mesmo o usufruto de um leque de privilégios papais e reais por parte dos que a ela aderissem.
A base patrimonial e jurisdicional da Ordem e a correspondente gestão destes bens e direitos por parte dos comendadores, com a organização das suas casas senhoriais e respectivas redes clientelares, são razões que se juntam ao leque de vantagens que a nobreza tem em se aliar a este projecto.
 
No plano religioso, as Ordens Militares podem oferecer soluções atractivas, quando interpretadas à luz do seu tempo.
Se as ordens apresentam vectores que são comuns a outras instituições de perfil distinto, como o sufrágio das almas dos benfeitores ou das dos seus parentes mais próximos, elas significam também a aproximação a Deus através de Jesus Cristo, concretizada pela conquista dos lugares santos, no ideal de cruzada, tão emblemático nos séculos XII e XIII.
 
 
Também o facto do primeiro superior hierárquico desta instituição nascida em Jerusalém ser um cavaleiro franco, que notabiliza no contexto da cruzada, e de a dignidade de grão-mestre ter sido titulada por D. Afonso de Portugal (1203-1206), filho de D. Afonso Henriques, poderá ter sido um estímulo à adesão à Ordem, por parte de alguns elementos da nobreza portuguesa, sustentando um padrão de exigência nobiliárquica, que se terá mantido e até aperfeiçoado em décadas posteriores.
 
 
A figura de D. Afonso terá congregado os interesses de alguns aristocratas portugueses, que procuram na Ordem uma aura de prestígio e de identificação com o poder real de início de Duzentos. Esta constatação poderá ser um elemento explicativo para o facto de a cavalaria religiosa se apresentar como um modelo de vida para alguns destes indivíduos, que viam o seu património familiar a tornar-se cada vez mais espartilhado, conseguindo, desta forma, encontrar no património das Ordens Militares um reforço das suas estratégias de poder.
 
 
Após analisarmos as áreas de implantação das diferentes famílias nobres e a lista de comendas da Ordem do Hospital e os seus respectivos titulares, verificamos que é possível estabelecer uma relação entre as zonas de implantação das diferentes casas senhoriais e a titulatura de algumas dignidades por parte de certos Hospitalários pode revestir de uma coincidência territorial, em outros está patente uma proximidade geográfica, que está na base das actuações em áreas limítrofes ás da família de onde provém esses indivíduos.
 
 
Assim, é possível afirmar que a Ordem viabiliza as estratégias de poderplurifacetado destas famílias, no sentido da consolidação ou ascensão, tanto a nível social como económico.
 
 
Sancho I, 1194, profundamente ligada ao evoluir da reconquista no início desta década, e reforçada no séc. XIII, pela concessão do lugar do Crato, constituem atitudes que estimulam a deslocação para as terras da Beira e do Alto Alentejo.
 
 
Este percurso poderá ser sintomático de um potencial militar ligado à concretização da cruzada, de uma necessidade destes cavaleiros se dedicarem à guerra como meio de acumular riqueza e até um eco da aproximação da Ordem à coroa, tanto mais que está maioritariamente ligada a linhagens não directamente associadas ao meio cortesão.
 
 
Pedro evidencia uma atitude inovadora na associação entre a cavalaria hispânica e os elementos das Ordens Militares, conferindo um grande destaque ao prior Hospitalário Álvaro Gonçalves Pereira, que pode ser entendido como um corolário de uma evolução da ligação da nobreza á Ordem do Hospital.
 
 
Em termos gerais, o modelo da cavalaria religiosa seria atractivo para a nobreza, uma vez que constituía uma hipótese institucional de prática dasarmas e era uma opção que viabilizava uma actuação ao nível da administração de grandes domínios, com a possibilidade de manutenção das suas casas senhoriais.

 
"Arez da Idade Média à Idade Moderna: um estudo monográfico Leitão, Ana Cristina Encarnação Santos Tese de mestrado em História Regional e Local apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 2008 http://catalogo.ul.pt/F/?func=item global&doc_library=ULB01&type=03&doc_number=000546695

http://hdl.handle.net/10451/1738"
Hoje meus caros lhe começamos por lhe dar a ORDEM DO HOSPITAL nas terras de Arez. Estas Terras de Arez um dia vila, nas terras desta cosmopolita condado vila Nisa. Mas ela lhe sugere que a terra é mesmo plana e curva ela o não tem. Um dia, apenas se imagina ela...

Mas o tema é muita vasto meus caros do pouco que existe e se é encontrado na zona. Tem assim algumas palavrinhas que se gostava de as descolar...
 
A ver vamos.
Vamos lá a ver se conseguimos voltar com outro post sobre o tema.
 
Se tal não se conseguir, é porque é mesmo muita difícil viver no concelho de Gavião.
A coisa não se faz e ainda se bloqueia o que existe...
 
13
Mar11

A TERRA DE AREZ A VIDA LHE DÁ

DELFOS

Ou lá a ternura dos quarenta no meio do séc. XV  ela se cantava ou lá o Rei sempre uma Majestade tão presente na vida deste pais, os súbitos, os seus súbitos Ele os recompensava.

 

Era a água.

Era o elemento água muita potente que se guardava e se vigiava. Era de noite e de dia.

 

A coisa não se sabe.

Não se sabe se era já o Menino que se manifestava e uma aridez neste Alto Alentejo já se desenhava e principiava ou lá a posse da grande propriedade os contornos tomava...

 

Não se sabe!

Mas é ela!

Será sempre ela a mais pura que ela é sempre bela, a que escorre do útero dela, prata e transparente, o povo em paixão sua pela terra a guardava ou talvez o tesouro e umas contas públicas e uns cortes ou uma austeridade em tempos aqueles já se implementava pela calada da noite...

 

Mas a terra de Arez a vida se lhe dá sempre.

Olhando para as de Gavião as coloca em uma muita nova e terra tão superficial.

Estas terras do Gavião, o pouco que tem ainda lho nega e lho tira. Parece que é segredo de Estado. Que não mostra e nem sequer apoia estas do Gavião ou lá uma borracha que já apagou todo um seu passado... E vá lá uma branca se faz favor...

 

Mas é esta meus caros ou lá pessoal do mundo ou deste meu país, mas é Ela, é esta Arez, a 14.02.1445 D. Afonso V priviligia 4 homens que estiveram a guardar o Poço da Lança, a pedido de Álvaro Fernandes, escudeiro, criado do infante D. Henrique e guarda do dito poço... (1)

 

Em tempo aquele que lá vai e nem que lhe seja só pelo símbolo...

 

(1) Arez da Idade Média à Idade Moderna / Um estudo monográfico / Leitão, Ana Cristina Encarnação Santos / Arez (Nisa, Portugal) - História - séc.13-18 / Teses de mestrado, 2008 / http://hdl.handle.net/10451/1738 /

 

 

 

09
Mar11

A VILA DE AREZ E A SUA IGREJA PAROQUIAL

DELFOS

 

"A Igreja Paroquial, datada do século XVI, encontrava-se no séc. XVIII, à data das Memórias Paroquias, fora da vila, no entanto próxima das ruas da mesma, de forma que algumas acabavam perto da Igreja.

 

A Igreja era de nave estava o Santíssimo Sacramento e a imagem da Srª da Graça e de S. João Baptista.

Nos altares colaterais, no da parte do Envangelho estava a Srª. do Rosário e nele estava a imagem da mesma Senhora com o título dos Remédios e outra com o glorioso mártir S. Sebastião. No da parte da Epístola tinha três imagens, a do apóstolo S. Pedro, o glorioso S. Francisco e a da gloriosa Santa Luzia. Este altar tinha o título das Almas, e era ornamentado pela Confraria do Santíssimo Sacramento.

 

Nos finais do Séc. XV, D. Manuel I, Duque de Beja, efectuou doações a algumas igrejas da Ordem de Cristo. Esse documento que refere essencialmente, uma doação feita em 1492, e que se terá estendido, consoante as igrejas, até 1494. Como o livro se apresenta truncado, apenas temos conhecimento das doações feitas ao Convento de Tomar, às igrejas de Santa Maria do Castelo, Santa Maria do Olival, cabeça da vigairaria, Pias e Ollalhas, em Tomar, à de Dornes, Castelo Branco, Idanha-a-Velha, Arez, à capela henriquina de Santa Maria de Belém, em Lisboa, às de Soure, Pombal, Nisa e a algumas dos templos das ilhas de Porto Santo, Madeira e Açores.

Este contempla a Igreja de Arez com as seguintes ofertas:

 

- 1 vestimenta com a sua alva 175, amito e manípulo176, toda de linho branco e forrada de brocado carmesim e preto;

- 1 vestimenta completa de seda;

- 1 sarja de solia, com a divisa de D. Manuel, estampada;

- 1 frontal de linho pintado;

- 1 cálice com sua patena, ambos de prata, pesando marco e meio e três reais; única e tinha três altares, sendo que no altar mor

- 2 galhetas;

- 1 turíbulo de “arame”;

- 1 bacio grande, desta liga, para o ofertório;

- 1 âmbula de estanho;

- 1 caldeira;

 

Estas peças foram recebidas por Gonçalo de Pina, almoxarife, em 1493."

 

Nota: E como o blog "A TERRA do ALTO ALENTEJO" não gosta muito de lhe deixar a coisa pela metade e de muitas vezes não lhe poder dar o devido sabor que ela tem, político da praça e representante máximo de uma ave da rapina a isso lho obriga e uma negativa lhe envia, o blog, o blog hoje lhe começa a dar umas notas que não ser lá C. Jung; ou a introdução ao símbolo de uma pedra lascada ou José Leite de Vasconcelos em sua Etnografia, o blog a coisa como a compreendeu,  o século da luz ainda não nasceu em terras de uma Gavião... 

 

175 “A alva teve a sua origem na túnica romana e de certo modo em todas as formas de túnicas dos povos da Antiguidade, que as usaram com ligeiras variantes. “ Cf. TAVARES, Jorge Campos, Dicionário de Santos, Lello & Irmão Ed., Porto, 1990. Pág.160.

 

176 O Manípulo tem uma origem parecida com a do amito, era originalmente um guardanapo chamado “mapa” usado pelos romanos e gregos para limpar as mãos e a boca ás refeições. Entrou modestamente nas vestes litúrgicas do primeiro século do Cristianismo, pela mão do sacerdote, pois era com a “mapulla” que o celebrante do serviço religioso limpava os vasos do culto. Séculos depois já fazia parte integral da veste litúrgica tradicional e pelo século IX tornara-se faixa pendente do punho esquerdo do sacerdote assumindo a forma hoje conhecida.”

 

Será que não sabe que o conhecimento deve ser esbanjado para todos e que vença lá quem tiver melhor unha e saiba lá tocar a viola? Não! Não tem biblioteca! Ora pois lá tudo bem. O blog entra na negação e se recusa a dizer que se calhar é o único lugar do Portugal continente e insular que não a tem. Não! Não usaria a tanto esta realidade social... Mas mais que ter uma biblioteca ou se uma dia ela será feita é saber que livros lhe vai dar ou uma multimédia que lá vai colocar e que arquivo municipal ainda nem sequer começou a ser falado... E pois então que fique lá com o livro do Revendo e o pouco que tem ainda o lho nega... Que o blog recusa a massificação... Só lhe pode dizer...Que só lhe pode dizer inacreditável numa moderna.

 

Arez da Idade Média à Idade Moderna / Um estudo monográfico / Leitão, Ana Cristina Encarnação Santos / Arez (Nisa, Portugal) - História - séc.13-18 / Teses de mestrado, 2008 / http://hdl.handle.net/10451/1738 /

 

03
Mar11

VIAGEM A UMA VILA DE AREZ

DELFOS
O Topónimo Arez, por vezes aparece referenciada como “Ares”, podendo-se relacionar com a interpretação à alusão dos bons ares da localidade.
Outra hipótese relaciona-se com o nome romano Arentius (Arentius era identificado como o deus romano Arencio), prendendo-se esta possibilidade com os vestígios existentes da romanização na região de Nisa, especialmente a Nisa-a-Velha. Ainda relacionadas com a ocupação romana existem algumas palavras relacionadas com o nome da aldeia: “Arens”, “Arentis” que significa seco ou árido, e “Aires” e “Ares”, topónimos existentes noutras regiões do mundo romano.

No foral de Marvão de 1226 fala-se já “come Ares”, crendo-se ser um topónimo estrangeiro importado por ocasião do repovoamento e colonização do Alentejo.

A ocupação mais antiga da região situa-se em Vila Velha do Ródão (Pedras Ruivas, acampamento paleolítico de 80 000 anos A.C.). Na região de influência de Arez circularam povoações que se fixaram em comunidades com organização, religião, divisão social de trabalho, usos e costumes, hábitos próprios relacionados com o meio natural envolvente.
Modos de vida que hoje se observam nas manifestações religiosas que são as Antas, na vida quotidiana nos instrumentos de sílex e pedra polida, nos objectos de adorno em osso ou em pedra, nas cerâmicas e mesmo no suporte pictórico de uma arte carregada de carácter simbólico e sagrado como é a Arte Rupestre do Tejo.

Esta arte foi sendo elaborada desde o Paleolítico Superior (10.000 AC) à Idade do Ferro (1.000 A.C). Ainda desde período, mais concretamente a partir do Neolítico (5 000 A.C.), são as Antas que existem no concelho de Nisa (a mais conhecida S. Gens). A presença do Domínio Romano comprova-se pelos materiais encontrados no concelho. Aras, material de construção (os “telhões”, as “pedras d’intigo”, a “caqueirada”), as moedas e alguns utensílios (fragmentos de barro).

Do período posterior, das movimentações de povos do norte, as chamadas Invasões Germânicas e do período de Ocupação Islâmica, temos pouca informação.
As populações continuam o seu trabalho quotidiano, muitas vezes indiferente às mudanças politicas, pagando tributos a quem rodava na cadeira das autoridades locais, e assimilando as inovações e ideias que as populações estrangeiras traziam.
 
O sistema de rega ainda usado actualmente não difere muito do utilizado nesses tempos. A nora e a picota devemos às sociedades de Norte de África Islamizados que nos legaram imenso conhecimento.

Após a Reconquista definitiva apresenta-se Arez perante o poder eclesiástico, nos tempos de D.Afonso III (1248-1279), ao bispado da Guarda, até 1278 quando por concordata entre o bispo de Évora, D. Martinho, e o bispo da Guarda, D.Rodrigo, se assentou em que com outras povoações se desmembrasse do bispado da Guarda passando a pertencer a Évora.
Após a reforma eclesiástica de 1882, Arez passou a fazer parte do bispado de Portalegre.

Entre os anos de 1198 e 1200, pelo que é indicado na Chancelaria de D.João II, a Comenda de Arez era criada.

Arez teve Foral dado por D.Manuel I, em Lisboa a 20 de Outubro de 1517. Era Comenda da Ordem de Cristo e como tal o pároco era seu freire professo. Num documento relativo às Cortes de Almeirim (1544), apresentado ao monarca D.João III pelos procuradores, são referidas as villas de “…Monte Allvã /Arees /Villa Frol /Alpalhão”.
 
Em 1704, em consequência da Guerra da Sucessão, a região sofreu prejuízos consideráveis pela passagem de tropas. No Numeramento de 1732 indica-se que Arez tinha perto de 340 habitantes distribuídos de igual forma pelas várias idades da população.

A segunda metade do século XVIII trouxe diversas movimentações militares. Também de 1809 a 1812 a Guerra Peninsular, com as suas tropas napoleónicas, continuaram os prejuízos causados pelos militares.
 
O concelho de Arez era anexado à comarca de Castelo Branco em 1833, bem como os de Montalvão, Alpalhão e Tolosa. Foi o concelho extinto em 1836 pela reforma judicial e definitivamente incorporado na comarca de Nisa em Novembro. Em 1866 Arez tinha cerca de 410 habitantes.

O Século XIX trouxe grande parte das características que toldam ainda hoje Arez. Com a circulação automóvel da segunda metade do Século XX, a estrada nacional que serve Arez viu passar o desenvolvimento à mesma velocidade da dos automóveis, não ganhando nenhuma actividade produtiva, com exclusão de algum pequeno comércio.

A aldeia viu ainda, durante o Estado Novo (década de 40) a criação da Casa do Povo, entidade mais virada para a prestação de cuidados de saúde e assistência em geral. Com o seu fim, viu transferidos os seus serviços para o Posto Médico local. Durante a Idade Média e até meados do século XIX teve “Misericórdia” e “Hospital” que consistia num espaço de tratamento de pequena dimensão, de que não há registo actual de localização.

Entre 1960 e 1991 o decréscimo da população rondou os 40%. A guerra colonial e a Emigração, sobretudo a partir da década de 60, para a Europa e América do Sul, foi a principal causa para este facto, ao que se deve acrescentar a partida de população para os grandes centros económicos onde os empregos ofereciam melhores condições de vida: Lisboa, e cidades em redor, Coimbra, Porto, Portalegre e Castelo Branco, entre outros.

As projecções oficiais para o ano de 2011 apontam para uma população idosa (mais de 65 anos) de cerca de 36% do total, contra 6% de jovens (menos de 15 anos). De facto, Arez, à semelhança de Nisa e do Norte Alentejano, tem visto perder e partir grande parte da sua riqueza humana. Em 1950 o concelho de Nisa possuía 19 920 habitantes, contra 9 864 em 1991.

Actualmente, em conformidade com todo o Norte Alentejano, ocorre um acentuado envelhecimento que caracteriza a sua demografia, pela desertificação e elevado desemprego, pelo progressivo e acentuado abandono dos espaços rurais, mas distingue-se, simultaneamente, inserida Arez no seu concelho de Nisa, pela existência conjunta de recursos e potencialidades que encerra no seu meio.
 
A extraordinária riqueza dos seus valores culturais, históricos, patrimoniais e artesanais, associados a uma atracção turística própria de um meio rural ainda fortemente preservado e de elevada qualidade, tornam o sector turístico um dos eixos estratégicos por onde não poderá deixar de passar o desenvolvimento da região e onde Arez poderá participar de forma activa.

in Arez - Retrato de uma aldeia,  Leitão, Ana Santos; Reis, Ricardo, 2001.
 
17
Fev11

FREGUESIA DE AREZ

DELFOS
" I - De Portugal Antigo e Moderno, de Pinho Leal Vol. I - Pág. 238: "Querem alguns que o nome que lhe foi dado por os bons, puros e salutíferos ares que há aqui".

II - De Domingo Ilustrado - Vol. III - 1898 - Pág. 523: "Provém-lhe o nome dos bons, puros e salutíferos ares que nela se desfrutam".

III - De Informação Particular de 1941, do Dr. Joaquim da Silveira: " No foral de Marvão de 1226, fala-se já "come de Ares" (- ês). Creio ser um topónimo estrangeiro importado por ocasião do repovoamento e colonização do Alentejo. Em Espanha há Arés nas províncias de Alicante e Lérida, Arés del Maestre na de Castellon de la Plana. Em Itália há Arese (Milão).
Outros topónimos italianos e espanhóis para cá foram transplantados.
A ortografia oficial manda grafar com Z e não S, o topónimo citado, mas pela explicação do erudito toponimista deveria ser escrito com S".

IV - Da Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira - Vol.XXXVIII - Apêndice - Pág. 514:
"O Topónimo AREZ costuma também aparecer ARES (e daí ter-se interpretado como alusão aos bons ares da localidade, o que é inaceitável, ainda a ser correcta tal forma algum dia), e é de crer que se relacione com o nome comum Arentius, de acordo com os vestígios de romanização na região de Nisa, especialmente Nisa-a-Velha, não afastada de AREZ".

V - De Esboço Monográfico de Arez - Povoação do Concelho de Nisa - Algumas notas para um bosqueio etnográfico de cariz económico - social em ordem ao estudo de um território denominado por antonomásia, região das areias no Alentejo Alto (Relatório de Estágio pelo médico-veterinário Dr. José Fazendas Louro Chambel, Lisboa - 1972 - Págs. 28/31).

Antes de transcrever as palavras respeitantes à etimologia , do citado trabalho, que apenas se encontra dactilografado, é uma pena que não seja passado a letra de forma, para ser devidamente divulgado, e ficaria a ser mais uma achega para a história geral do País, porque esta, como se sabe é formada pelas histórias locais.
Além disso, afreguesia de AREZ, ficava a possuir a sua monografia isto é, a sua história que, estou certo seria um precioso auxílio para estudos não só dos presentes como ainda dos vindouros.
Passo agora a transcrever as palavras do referido livro respeitantes à etimologia de AREZ.
"AREZ, (ou ARES) é uma povoação do concelho de Nisa, situada a 7,5 Kms desta vila para Oeste; dista 10 Kms da estação de Vale do Peso, no ramal de Cáceres; 40 kms de Portalegre, sede de distrito e 11 Kms do Tejo (Barca d´Amieira).
De prosaica aparência, pouco tem de notável a olhos turistas e desprevenidos. Como tantos outros aglomerados populacionais de porção norte do ALentejo, passará facilmente despercebida, sobretudo a quem cruzar velozmente, de motor nervoso e roncante em busca de melhor poiso para o ócio e outros afazeres.

A aldeia é cindida, a meio, por uma importante estrada, baldeando a toda a hora um sbstancial movimento rodoviário de Lisboa, Ribatejo e Alentejo para as Beiras e vice-versa, o que lhe confere uma falsa representação de progresso, aliás, um pouco à guisa de Tântalo: vendo-o, quase nada usufrue dele; servindo, jaz des-servida, apenas uma fugaz afora ruídos impertinentes e fumos fedorentos que mal presumo - serão em tudo nada toxígeneos.

Mas no arrepjo do progresso, retrogrademos todavia ao longe do tempo e, não recusando o braço à fantasia,mergulhemos nas incomensuráveis e nublosas regiões da História e da Lenda, prescrutando "à vol d´oiseau" o que a nossa curiosidade pode encontrar...
Donde proveio o nome desta antiga povoação? Quais as suas origens? Que testemunhos do passado existem que comprovem a asserção da sua alta antiguidade?
Comecemos por apresentar uma lista de nomes e apelidos, usados desde os nossos mais remotos avoengos, qu, de algum modo, nos parece interessante relacionar com o topónimo AREZ.
No que concerne à legitimidade desta conexão, que os filologistas nos revelam o descaro.

- ARIAS, hoje AIRES, bastante usado em documentos antigos (existe aqui, um tema germânico: ar -).
- Airam (séc. XII) hoje Airão, de Ariani.
- AREZ (nome judeu) in Gil Vicente (Diálogo de luus tres judeos e dous centurios sobre ressureyção.
- Araos.
- Araos.
- Araes
- Arones (de Áron).
- Aruncio.
- Aro (cercania da povoação) - do lat. aruum - campo de lavradio.
- Ares - Marte "...sacrificavam (os lusitanos) um bode a Ares e os prisioneiros e cavalo"Estrabão".
- Arebtius - deus Arencio.
- Ario - outras formas: Arius, Areus.
- Ariz -
- Arrezo (cidade da Toscana)
- Ares - topónimo (concelho de Ponte da Barca).
- AREZ- antiga cidade da Lusitânia (perto de Alcácer do Sal).
- Aires - lugar histórico romanoARENTIS (Torres d`Ares) - Algarve).
- Arez - árabe, existe um lugar em Gaza (Médio Oriente).
- Aires - apelido e nome de lugar; abunda no Alentejo


- Que bases haverá o Abade Augusto Ferreira (2) para derivar AREZ de Aresius,ii - Aresio (nome de um santo)? Ou, simplesmente, "...o nome lhe foi dado por os bons, puros e salutíferos ares que há aqui"(3)?
Contudo "não deve haver dúvida de que o povoamento do território desta freguesia deve ascender, não apenas a antes do séc. XII, isto é, à denominação arábica efectiva, mas às referidas épocas (pré-romanas e da romanização). Talvez se relacione com elas o velho topónimo AREZ, talvez arabicamente influênciado... O toponómio AREZ costuma também aparecer ARES (e daí ter-se interpretado como alusão aos bons ares da localidade, o que é innaceitável, ainda a ser correcta tal forma algum dia) e é de crer se relaciona com o nome romano Arentis, de acordo com os vestígios de Nisa-a-Velha, não afastada de AREZ (4).
Sem pretendermos aventurar-nos nas areias movediças da hipótese, não queremos deixar de referir alguma coisa do que se sabe (ou se julga saber) sobre Aritium ou Arício, misteriosa e importante cidade romana, de cuja a notícia os autores têm encontradas notícias, e "há a mencionar uma povoação que nos textos e numa inscrição romana é designada pelo nome de Aritium Vetus situada, segundo parece na margem esquerda do Tejo (5).
Em 1659 foi achada, em Alvega, uma placa de bronze, onde se gravou em latim, o juramento prestado ao imperador Calígua pelos habitantes de Aritium Vetus. A placa desapareceu e apenas icaram cópias da inscrição. Apresentava quatro orifícios, um em cada ângulo, pelo que se presume, deveria estar aposta em edifício ou sítio público.
Dadas as suas diminutas dimensões (1X25 palmos) e o facto de ter sido encontrado "...em uma ribeira próxima", não prova suficiência, suposição de Jorge Cardoso, que a localizava em Alveza.

Todavia, parece que existiu outra cidade designada por Aritum Praeetorium.
Não são unânimes os historiadores e Aritum figura como tendo existido em vários locais: Abrantes, Benavente, Etc"

O BLOG "ALENTEJO no NORTE" DIZ A ALEXANDRE DE CARVALHO COSTA..... O MELHOR SEU ESCRITO E TRABALHO ATÉ AO MOMENTO....
16
Fev11

A ZONA DE CONFLUÊNCIA DAS DUAS ORDENS RELIGIOSAS EM AREZ

DELFOS

Ares situava-se numa zona de confluência de 2 Ordens Militares Ordem do Hospital como o atesta o marco da Urra.

Em 1232, por doação régia de D. Sancho II, o domínio hospitalário alargou-se consideravelmente para Sul, passando a integrar as vilas de Amieira, Gavião e Crato. As obras promovidas pela Ordem, neste último aglomerado, que viria a ser a sede da instituição, são conhecidas e tiveram lugar imediatamente após a doação de 1232.

No entanto, a vila de Amieira, cuja posse se integra na mesma conjuntura, foi dotada de um castelo já muito tarde, sensivelmente um século depois de passar para as mãos dos Hospitalários. A sua construção ficou a dever-se a Álvaro Gonçalves Pereira, filho bastardo do bispo D. Gonçalo Pereira, prior da Ordem do Hospital e pai do futuro condestável do reino, Nuno Álvares Pereira. Foi, ainda, a este último que se deveu a transferência da sede da Ordem, de Leça do Bailio para o Crato (1356), circunstância que levou toda a estrutura hospitalária para o coração do seu principal domínio fundiário.

O castelo da Amieira explica-se nesta conjuntura renovadora do papel e da acção da Ordem. Três anos depois, D. Pedro I visitou a fortaleza, cujas obras deviam estar já bastante adiantadas, apesar de só terem sido formalmente concluídas em 1362.

O próprio Álvaro Gonçalves Pereira manifestou grande cuidado na construção e evolução deste castelo, aqui falecendo em 1375. De acordo com os estudos de Mário Barroca, que aqui seguimos, o castelo da Amieira é o protótipo de castelo gótico português. O castelo possuía ainda dois níveis de defesa complementar, referidos na documentação do século XIV: um fosso, de que não resta, hoje, grandes vestígios e uma barbacã ao redor da fortaleza, que formava um segundo patamar de difícil transposição em casode cerco. A fortaleza sofreu várias modificações nos séculos posteriores.

Nos reinados de D. João II e de D. Manuel, há referência a obras, provavelmente de adaptação da estrutura às novas exigências da guerra. Simultaneamente, serviu de prisão, função determinada pela excelência do projecto arquitectónico.

Adossada a uma das torres, mas fora das muralhas, a Capela de São João Baptista data de 1556, conforme inscrição sobre o portal principal. Perdida a função militar, pelo afastamento das linhas de fronteira, o castelo decaiu de importância. No século XVIII, grande parte das antigas estruturas estavam abandonadas e parte da fortaleza havia sido adaptada a residências civis. Por essa altura, a torre de menagem foi alvo de um parcial projecto de recuperação, mas pouco mais se fez para reverter a funcionalidade militar de um dos nossos principais castelos góticos.

Em 1232 a vila do Crato é doada aos Hospitalários.

O governo pretendia consolidar a fronteira leste na Beira Baixa e norte do Alentejo e dilatá-la para sul. Hospitalários e Templários lutam de armas na mão pelos marcos das suas propriedades.

Em 1230 estala uma guerra entre o alcaidee concelho da Covilhã contra os Templários de Castelo Branco. A doação de Belver aos Hospitalários insere-se na política seguida pelo nosso segundo rei de atribuir a esses “profissionais de guerra, que eram os cavaleiros das Ordens Militares, regiões fronteiriças sensíveis, numa altura de ataques violentos levados a cabo pelos Almóadas.

Mas pensamos que nessa zona haveria já um esboço de sistema defensivo”.

Assim, verificamos que a implantação geográfica da vila de Ares, não terá sido por acaso, uma vez que já na Carta de Delimitação do Foral de Marvão, existia a referência à “Turre de Ares”, como forma de identificar o limite e a situação estratégica de vigia, com a existência de uma torre, na zona onde iria servir de divisão às duas Ordens Militares.

"Arez da Idade Média à Idade Moderna: um estudo monográfico Leitão, Ana Cristina Encarnação Santos Tese de mestrado em História Regional e Local apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 2008 http://catalogo.ul.pt./F/?func=item-global&doc_library=ULBO1&type=O38doc_number=OOO546695

http://hdl.handele.net/1045/1738"

16
Fev11

AREZ E SUA ETIMOLOGIA E TOPONÍMIA

DELFOS
André Valério Sales[1]
A “pequenina Arez” potiguar é uma cidade “doce, silenciosa, acolhedora, com seu ar amável de estação de cura” (Câmara Cascudo, 1946).

1. Introdução:
Esse texto apresenta um estudo etimológico sobre a origem e a significação do nome de Arez, município do Rio Grande do Norte.
Logo à partida, devo esclarecer que conhecemos dois lugares que possuem o nome de Arez, ambos escritos exatamente da mesma forma:
I) Em Portugal, existe o pequeno povoado de Arez, que faz parte do município de Nisa, no Distrito de Portalegre (Alto Alentejo). Com apenas cerca de 360 habitantes, a Arez lusitana é apenas uma freguesia de Nisa. O mais antigo documento histórico conhecido a citar o nome daquele povoado, o Foral de Marvão – datado de 1226 –, demonstra que o topônimo era então escrito como sendo Ares, com a letra /s/ no final.
II) E também existe aqui, no Brasil, um município que foi denominado Arez, desde 1760, numa homenagem prestada àquela pequenina freguesia lusitana por ordem do Marquês de Pombal; localizado no litoral sul do estado do Rio Grande do Norte, possui cerca de 12.700 habitantes (IBGE, 2010). Por estar distante da principal rodovia federal que lhe dá acesso, a BR-101, e por ser um pouco afastada das magníficas praias de nosso litoral, a Arez potiguar sempre teve um lento desenvolvimento econômico e turístico, com seu ritmo próprio e incomparável aos demais municípios vizinhos, como, por exemplo: Tibau do Sul, que é privilegiado por ser detentor de belas e famosas praias; e São José de Mipibu, que está às margens da BR-101 e tem uma população quatro vezes maior que a de Arez.
Aproveito então esse espaço para convidar aos leitores a virem conhecer, em nossa Arez, o Frontal do Cemitério Histórico (de 1882), tombado pelo IPHAN como Patrimônio Histórico Nacional (Turismo Religioso); que venham conhecer a Ilha dos Flamengos, habitada pelos holandeses que invadiram Arez entre 1634 e 1652 (Ecoturismo)[2]; e que venham participar de nossas grandes Festas Populares: em junho (festa do padroeiro, São João) e dezembro (festa da padroeira), além de conhecerem os famosos bordados de Labirinto produzidos na cidade, e usufruírem das delícias de nossas comidas típicas (Turismo Folclórico), etc. E mais: procurando sem pressa, os turistas vão achar, sim, ainda que pequenos e acolhedores, restaurantes e pousadas em Arez.
Em sua avaliação sobre os atrativos turísticos desse município, a escritora Anna Maria Cascudo (1972: 15) afirma que as “possibilidades turísticas [de Arez], hoje em dia, se prendem mais à parte das suas imagens preciosas e monumentos históricos”. Particularmente sobre as estátuas dos 3 Reis Magos (do Século XVII), tombadas como Patrimônio Histórico Nacional – abrigadas na Igreja de São João Batista –, ela ressalta que “são famosas pela sua beleza” e que “são dignas de visita”.

2. Sobre a origem do nome Arez:

Por que a cidade é chamada de Arez?

Em relação a esse antigo problema de Etimologia[3], como é comum na atualidade recorrer-se imediatamente à Internet, devo esclarecer que na Wikipédia, uma inusitada “enciclopédia” virtual de construção coletiva, encontramos o nome de Arez grafado de duas maneiras diferentes, ainda que ele seja escrito da mesma forma tanto em Portugal quanto no Brasil:
a) Existe o verbete intitulado AREZ, com a letra /z/ no final, referindo-se apenas à pequenina freguesia localizada em Portugal (http://pt.wikipedia.org/wiki/Arez). Nesse site, descobrimos que a Arez portuguesa é um povoado situado oficialmente no município de Nisa, desde 1836, e que possui 362 habitantes (dados de 2001); Nisa, por sua vez, pertence ao Distrito de Portalegre, na sub-região do Alto Alentejo.
b) Ao mesmo tempo, encontramos também naquela “enciclopédia” virtual um verbete que trata especificamente da nossa Arez potiguar, o pequeno município do Rio Grande do Norte aqui em questão (http://pt.wikipedia.org/wiki/Ar%C3%AAs), no entanto, ainda que sejam palavras homônimas, a Wikipédia escreve o nome de nossa Arez brasileira de forma errada, grafando-a como ARÊS, com /s/ no final e acento circunflexo /^/ na letra /e/.
Isto significa que para quem é adepto das “rápidas pesquisas” feitas via Internet, deve-se tomar cuidado com a veracidade das informações contidas na Wikipédia, pois, de acordo com o exemplo acima, notamos que ao invés de contribuir para tirar a dúvida, sobre a escrita do nome de Arez, o que aquela “enciclopédia” faz, na verdade, é confundir os leitores.
Em termos de leis, podemos assegurar que segundo decisão da Câmara Municipal de nossa Arez, a potiguar, de acordo com uma emenda à Lei Orgânica do município (datada de 05/03/1993), o nome da cidade foi definitivamente oficializado, em nível municipal, como sendo AREZ, com /z/ ao final, da mesma forma como se escreve o nome da freguesia portuguesa, que foi aqui homenageada por ordem do Marquês de Pombal, como já citado.
A referida emenda ainda dispõe que “deverão ser notificados todos os órgãos de direito”, e está inclusive publicada no livro de João Alfredo de Lima, Anotações Sobre a História de Arez (2000: 29). Antes disso, em nível estadual, desde 29/03/1938 o Interventor Federal Rapahel Fernandes Gurjão (Decreto nº 457) já havia “elevado”, oficialmente, a “Villa de Arez” – escrita com /z/ no final –, à categoria de “cidade”.
Quem entende um pouco da História do Rio Grande do Norte sabe que em 15 de junho de 1760, há 250 anos, por ordem de Sebastião José de Carvalho e Melo (1699-1782), o Marquês de Pombal[4], um antijesuíta famoso, foi decido que aqui, neste nosso município, não haveria mais a “Missão de São João Batista de Guaraíras”, e sim, a Nova Villa de Arez, numa inexplicável homenagem ao pequeno povoado de Arez situado em Portugal. É importante observar que, desde aquela época, o nome do município potiguar já era escrito como sendo Arez, com /z/ no final (Livro de Tombo da Matriz de Nova Villa de Arez/RN, Registros de 01 e 04/08/1763)[5].
De acordo com Câmara Cascudo, alvarás régios de 1755 e 1758 “determinavam a substituição dos nomes nativos nas povoações [ocupadas pelos lusitanos] pelas denominações de localidades portuguesas” (1968: 162); as ordens vindas de Portugal eram taxativas: “Denominareis [as povoações ocupadas] com os nomes dos lugares e vilas destes Reinos, que bem vos parecer, sem atenção aos nomes bárbaros que têm atualmente” (id.: 181).
No Rio Grande do Norte, a mesma mudança ocorreu, por exemplo, também com a Missão jesuíta/indígena de “São Miguel de Guajiru”, que passou a ser chamada de Estremoz (em 03/05/1760), homenageando, por sua vez, a cidade portuguesa de Estremoz, pertencente ao Distrito de Évora; sem rival até os dias atuais, a igreja da Aldeia de Guajiru, destruída com o passar dos anos, nas palavras de Cascudo era “o mais lindo templo barroco da Capitania” (1955: 111), “a mais linda igreja” que aqui já existiu (1968: 180).
Afora a cidade do Natal, capital do Estado, que já existia com o título de “cidade” desde a sua fundação – em 25 de dezembro de 1599 –, foram então criados, por causa do Marquês de Pombal, os 3 primeiros municípios do Rio Grande do Norte: Estremoz, Arez e Portalegre (Cascudo, 1955: 111-112; 1968: 162, 180), cujos nomes, seguindo as leis acima referidas, homenageiam a localidades portuguesas.
No entanto, até hoje não se sabe o porquê da antiga Aldeia de Guaraíras ter sido rebatizada com o nome de Arez. Não se sabe o objetivo de tal homenagem. Por que, ao invés de se ter escolhido o nome de um Distrito lusitano (como no caso de Portalegre), ou de outra cidade qualquer (como Estremoz), alguém elegeu, para rebatizar aquela Missão indígena potiguar, o nome de uma pequena freguesia portuguesa?
Fica aqui registrada essa idéia, visando a pesquisas futuras.
Além dessa interessante questão, que exige uma investigação mais aprofundada, inclusive nos arquivos históricos portugueses, há ainda outra grande dúvida que remete a um problema cuja resposta, até hoje, continua obscura: qual é a origem ou o significado da palavra Arez?

3. Afinal, o que significa Arez?

Tanto a origem da palavra Arez é obscura quanto o seu significado; parece até mesmo que é impossível fixar seu étimo. Entretanto, existem várias hipóteses, entre plausíveis e implausíveis, acerca do significado desse nome. Aliás, há que se ressalvar que nem mesmo o célebre etimologista potiguar Câmara Cascudo teve êxito em suas pesquisas acerca da origem do topônimo[6].
Em seu livro Nomes da Terra, Cascudo descreve toda a História da mudança que houve na toponímia da antiga Missão de Guaraíras, rebatizada em 1760 como Arez, no entanto, em se tratando do significado do nome deste município potiguar, nota-se que aquele historiador não conseguiu defini-lo.
Por exemplo, no referido livro, Cascudo (1968: 69-132) define os nomes de diversos povoados e Rios de Arez, como: Aranun, Baldum – nome de um Rio que, nas palavras do autor, “não é vocábulo indígena nem consegui identificá-lo” –, Cametá, Camucim, Dendê, Flamengo, Groaíras (atualmente Guaraíras), Irimuá (ou Limoal), Mangabeira, Nambutiú (atual Rio do Meio), Panguá, Papeba, Patané, Paturá e Urucará[7]; porém, o autor não revela que existissem nem mesmo hipóteses acerca da origem da palavra Arez.
Isto somente vem a demonstrar como é bastante difícil o trabalho de etimologia que tento empreender no presente texto.
Antes de apresentar as 5 hipóteses mais conhecidas na atualidade sobre a origem e o significado da palavra Arez, é preciso assinalar que não é obrigatório que nós tenhamos que acreditar ou apontar uma dessas hipóteses como sendo “a verdadeira”, como definindo “a verdade” dos fatos.
Nesse caso, como é ainda um enigma a definição do nome de Arez, o mais importante é conhecer quais são as hipóteses existentes na literatura, compreendê-las, sem a pressuposição de que, necessariamente, deva existir “uma” que seja “a verdadeira”[8].
Ou seja, mesmo que ninguém chegue a comprovar a origem do nome Arez, e ainda que não haja resposta “única” e “verdadeira” para esse problema, devemos saber então quais são todas as possibilidades existentes acerca de seus prováveis significados.
É preciso enfatizar, inclusive, que as cinco hipóteses analisadas a seguir são apenas suposições, e todas elas, igualmente, são carentes de comprovação pela via de fontes históricas.

As duas hipóteses levantadas pela Câmara Municipal de Nisa (Portugal):

Sobre a origem e significado da palavra Arez, duas interessantes hipóteses são levantadas pelo site da Câmara Municipal de Nisa (Portugal), município no qual se localiza o povoado de Arez, que publicou um texto contendo informações turísticas sobre aquela sua pequena freguesia (http://www.cm-nisa.pt/). A partir da leitura do referido escrito, fica claro, logo de antemão, que na própria Arez portuguesa não se sabe ao certo a origem da toponímia.


Citando a Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, o documento do Concelho de Nisa expõe as seguintes hipóteses acerca da gênese do nome Arez:
1) A palavra Arez – que também já foi escrita como Ares – poderia ter sido originada em referência aos bons “ares” do lugar. Porém, tal hipótese é imediatamente descartada, no próprio documento em questão, e tida como “inaceitável”.
Particularmente, não tive tempo ainda de visitar a freguesia portuguesa de Arez, entretanto, até onde eu saiba, por meio de consulta a amigos que residem próximos àquele local, realmente são “bons” os ares daquele povoado.
Sobre a possível validade dessa hipótese, é preciso esclarecer que de acordo com o Índice Toponímico do Concelho de Nisa, de Fernando Portugal (1964: 505), a mais antiga citação documental ao nome de Arez, como antes referido, encontra-se no Foral de Marvão, datado de 1226; foi nessa época, é interessante lembrar, que a língua portuguesa começou a ser escrita – “nos fins do século XII ou início do século XIII” (Azeredo, 2008: 393).
Segundo o Foral citado, descobrimos que naqueles primeiros anos do Século XIII o nome do povoado era escrito como sendo “Ares”, com a letra /s/ no final, o que pode muito bem significar que a Arez lusitana tenha sido, sim, batizada numa referência aos seus “bons” ares! Porém, essa hipótese, como todas as demais, não possui comprovação embasada em fontes históricas.
É também a partir do Foral de Marvão que se pode inclusive levantar outra hipótese, como analisarei mais adiante: a de que o nome da Arez portuguesa também pode ter sido dado em homenagem ao deus grego da guerra: Ares.
2) Outra hipótese, também apontada pela Câmara de Nisa, é que o nome de Arez poderia ser uma homenagem a um dos mais importantes deuses da época pré-romana: Arêncio (ou Arentius), e que da palavra Arentius, por corruptela, teria nascido o topônimo Arez (ou Ares).
Na antiguidade, quando Portugal – tal como conhecemos hoje – ainda não existia, e aquelas terras da Península Ibérica eram chamadas de Lusitânia, sabemos que imperava então um rico politeísmo.
Os arqueólogos Salvado, Rosa e Guerra, em seu texto Um Monumento Votivo a Arância e Arâncio, Proveniente de Castelejo (2004: 237-242), demonstram com seus estudos que havia naquela região central de Portugal, um pouco mais ao norte do povoado de Arez, um culto ao casal divino Arêncio e Arência (ou Arentius e Arentia), e não apenas a Arêncio em particular, comprovado por meio de escritos em monumentos votivos – inscrições gravadas em pedras, como agradecimento a promessas cumpridas pelos deuses.
Há que se ressaltar que essas “aras votivas” datam já do período pós-romano, pois antes da ocupação romana na Lusitânia, as tradições religiosas eram repassadas às gerações futuras apenas pela via da oralidade, ou seja, foi somente depois da chegada dos romanos na Península Ibérica que começaram a existir inscrições epigráficas relativas aos deuses lusitanos.
Os arqueólogos citados revelam, sobre a existência de comprovação histórica do culto ao par divino Arêncio e Arência, através da epigrafia, que: “a distribuição destes nomes de divindade circunscreve-se à zona centro interior portuguesa, registrando-se ocorrências [feitas por especialistas] em Zebras, Fundão”, Ferro, Covilhã, Rosmaninhal, Monsanto, Idanha-a-Nova, Ninho do Açor, Castelo Branco e Sabugal (Salvado et al., 2004: 239-240), além das localidades próximas de Moraleja e Cória, em região espanhola.
Desse modo, é fato comprovado que não há referências ao culto aos deuses Arêncio e Arência na freguesia de Arez, nem na região do município ao qual pertence, Nisa, e nem mesmo em qualquer outro município do Distrito de Portalegre, no qual Nisa está localizada. Em se tratando, portanto, da hipótese de que o nome de Arez seria uma homenagem ao deus Arêncio, a partir do exposto anteriormente verifica-se que esta suposição é duvidosa e carente de comprovação nas fontes históricas atualmente disponíveis, tal como ocorre com as demais hipóteses aqui analisadas.
No entanto, devemos enfatizar que a hipótese não pode ser declarada inválida, ainda que, até hoje, ninguém apresentou meios de confirmar a possibilidade de ela vir a ser verdadeira.
Avalio essa hipótese como sendo um tanto quanto forçada, talvez até mesmo forjada, na atualidade, por estudiosos puristas, cultuadores das tentativas de resgate da história dos deuses de tempos pré-romanos.
Esses estudiosos, talvez nostálgicos com tais cultos primitivos, enxergam referências àqueles deuses em todo espaço obscuro – ou ainda não explicado pela História lusitana – que dê margem a tais interpretações, e em se achando oportunidade para tal, como no caso do nome Arez, lançam suas hipóteses, ligando um tema ainda cercado de enigmas a possíveis referências aos deuses pré-romanos, provavelmente, na esperança de que suas suposições venham a se tornarem verdadeiras algum dia…

A hipótese apontada no verbete do município de Nisa, na Wikipédia:

Mais uma hipótese acerca da origem do nome Arez, que é bastante interessante, pode ser encontrada na Wikipédia, no verbete do município de Nisa (http://pt.wikipedia.org/wiki/Nisa). De acordo com o texto ali exposto, a palavra Arez pode ter-se originado em virtude da ocupação francesa naquela região de Portugal, ocorrida no início dos anos 1200. Inclusive, das 5 hipóteses mais conhecidas e aqui avaliadas, esta me parece ser a mais plausível, ainda que não se possa considerá-la como sendo verdadeira.
Partindo-se dessa hipótese, atribuída pelo documento ao pesquisador Carlos Cebola, naquele início do Século XIII colonos franceses passaram a habitar a região de Nisa (antigamente, chamada também de Nissa), atendendo à necessidade de fixar moradores naquela parte desabitada da Península Ibérica.
Na medida em que fundavam seus povoados, batizavam-lhes com nomes de sua terra de origem, tal como ocorreu no caso de Nisa, que teria sido ocupada por colonos provenientes da cidade francesa de Nice, localizada no sul da França, próxima à fronteira com a Itália. A palavra Nice vem do grego (Nikaia), em italiano é grafada Nizza, e em provençal, antigo dialeto francês: Nissa.
O mesmo ocorreu com a freguesia de Tolosa, também pertencente ao município de Nisa, que foi, provavelmente, fundada por ex-moradores da cidade francesa de Toulouse. E, por extensão, acreditam alguns estudiosos portugueses que o mesmo também teria acontecido com a freguesia de Arez (ou Ares), que teria sido edificada, segundo essa hipótese, por antigos moradores de Arles. As três localidades portuguesas citadas, Nisa, Tolosa e Arez, teriam sido batizadas, portanto, em homenagens a cidades do sul da França (Nice, Toulouse e Arles).
No caso aqui em análise, para essa hipótese obter, pelo menos, alguma lógica, a palavra Arez teria que ser originária, por corruptela, do nome da cidade francesa de Arles. Da mesma forma que já explicamos anteriormente, sobre a suposição de que Arez viria do nome do deus Arêncio, afirmar que Arez seria proveniente da palavra Arles parece-me, também, uma proposta forçada.
Não se questiona, por exemplo, que o nome do município português de Nisa (ou Nissa) seja proveniente da palavra francesa Nice. É inquestionável, também, que o povoado lusitano de Tolosa foi batizado em homenagem à cidade francesa de Toulouse, assim como, inclusive, há uma localidade chamada Tolosa na Espanha.
No entanto, suponho que como não era possível explicar, com precisão, a origem do nome de Arez, alguém – em algum momento dessa História – decidiu lançar a hipótese, a partir dos exemplos de Nisa e Tolosa, de que a freguesia de Arez poderia ter sido, naquela mesma época, ocupada por ex-habitantes da cidade francesa de Arles, e, por extensão, esse alguém levantou a hipótese de que a palavra Arez seria uma homenagem a Arles.
Surge daí a interessante indagação: sendo assim, por que Arez não foi batizada, então, com o nome de Arles, tal como Tolosa e Nisa? Não fica parecendo, mesmo, que é forçada a hipótese de que o nome de Arez (ou Ares) tenha a sua origem numa corruptela da palavra Arles?
Recorrendo mais uma vez à sábia afirmação do etimologista potiguar Câmara Cascudo (2001a: 64): “as etimologias”, em sua ampla maioria, “são conjecturas que ficam sendo convenções”; e no caso dessa hipótese em questão, que atribui uma origem afrancesada ao nome de Arez, talvez esta seja uma teoria que já chegou a tornar-se uma “convenção” social, e inclusive, considero que é uma das suposições mais plausíveis para explicar o problema. Porém, deve-se lembrar que ela continua sendo apenas mais uma “conjectura”: é também uma hipótese tão carente de comprovação quanto as outras 4, aqui avaliadas.

A interessante hipótese de Cleudo Freire:

Saindo então dos domínios de textos sem autores devidamente reconhecidos, como no caso das duas primeiras hipóteses, levantadas no site da Câmara Municipal de Nisa (http://www.cm-nisa.pt/), e assim como a terceira, apontada no verbete do município de Nisa – na Wikipédia –, passo agora a analisar a admirável hipótese do escritor potiguar Cleudo Freire.
De acordo com a interessante pesquisa etimológica realizada por Freire, exposta em seu artigo “Arez: O Nome da Terra” (O Poty, 02/09/2007), o significado do nome de Arez poderia ter origem na palavra Terra, tal como esta é grafada na língua hebraica: Há-Érets, referindo-se à “Terra Prometida” pelo Deus Javé ao povo judeu, nos tempos de Moisés e do Êxodo, cujo relato encontra-se no Antigo Testamento bíblico.
Segundo Cleudo Freire: “há documentos que nos deixam a clara impressão de que [a] Arez [norte-rio-grandense] foi uma cidade que recebeu um grande número de degredados pela Inquisição”, e “tais documentos falam do envio de degredados àquela cidade, para cumprir pena inicial e obediência ao Cristianismo”. Esse autor ainda acrescenta que “não é difícil imaginar a que fé estes condenados pertenciam. Eram judeus apelidados pejorativamente pela igreja de Cristãos-Novos”, ou seja, eram sobretudo judeus portugueses, ou descendentes destes, forçadamente convertidos ao catolicismo.
A partir disto, Freire levanta a hipótese de que aqueles novos moradores de Arez, em 1760, na ocasião proporcionada pelas diversas reformas encetadas pelo Marquês de Pombal, teriam influenciado no rebatismo da antiga Missão Jesuíta de São João Batista de Guaraíras com o nome de Nova Villa de Arez, homenageando a freguesia portuguesa de Arez (onde, na época, é possível que também residissem cristãos-novos), mas, principalmente, porque tal nome significaria Terra, na língua hebraica. Lembremos que, segundo os alvarás régios de 1755 e 1758, ficou determinado que os brasileiros fizessem “a substituição dos nomes nativos nas [sua] povoações”, toponímias geralmente indígenas, e por isso chamadas de “bárbaras”, por “nomes dos lugares e vilas’ de Portugal “que bem vos parecer” (Cascudo, 1968: 162, 181).
A hipótese de Cleudo Freire, portanto, nos leva a relembrar a brilhante afirmação de Câmara Cascudo (2001a: 64), quando enfatiza que a maioria das tentativas dos etimologistas são apenas “conjecturas”, mas que podem vir a se tornarem “convenções” sociais: dependendo da “maior ou menor habilidade erudita” sustentadas pelo intelectual que as defende como verdadeiras.
Nesse ponto, é válido repetir aqui algumas perguntas já feitas anteriormente: por que a antiga Aldeia de Guaraíras, no Rio Grande do Norte, foi rebatizada com o mesmo nome da Arez portuguesa? Qual o objetivo de tal homenagem? A quem interessava a escolha justamente desse nome? Por que alguém elegeu, para rebatizar aquela Missão jesuíta/indígena, o nome de um pequeno povoado lusitano – ao invés de ter escolhido o nome de qualquer outra cidade portuguesa importante ou de um Distrito?
Considero a hipótese de Cleudo Freire muito bela, e acredito que ela pode vir ainda a ser, algum dia, provada como estando correta. No entanto, igualmente às outras 4 hipóteses aqui analisadas, a proposição freireana não pode ser admitida como verdadeira, por falta de comprovação documental, assim como, da mesma forma que as demais suposições, não pode ser descartada como falsa.
Avaliando o exposto até aqui, com base em minhas pesquisas posso afirmar que:
1º) é inquestionável que o nome da Arez potiguar, assim rebatizada em 1760, homenageia a Arez portuguesa;
2º) também é verdadeiro que em 1226 este nome se escrevia Ares, com /s/ no final, o que é comprovado pelo Foral de Marvão (Índice Toponímico do Concelho de Nisa, Fernando Portugal, 1964: 505);
3º) é correto que em 1763, pelo menos aqui no Rio Grande do Norte, a palavra já era escrita como sendo Arez, com /z/ no final (Livro de Tombo da Matriz de Nova Villa de Arez/RN), da mesma forma que em 1938 (Decreto nº 457, assinado pelo Interventor Rapahel Gurjão), e até hoje (emenda nº 3, de 05/03/1993, à Lei Orgânica de Arez/RN).
Isto significa que em algum momento dessa História, entre os anos de 1226 e 1763, o topônimo foi mudado de Ares para Arez. E isto, certamente, aconteceu ainda na Arez portuguesa, já que o nosso município potiguar já recebeu o nome de Arez, com /z/ no final, comprovadamente, desde que foi assim rebatizado, em 1760.
Pode-se então deduzir, sem muito esforço, que uma pesquisa etimológica que venha a confirmar a origem da palavra Arez e, talvez, comprovar se a sua definição viria da palavra Terra (em hebraico, demonstrando-se uma possível influência judaica), somente pode ser empreendida estudando-se, em arquivos históricos de Portugal, a documentação que trate da Arez lusitana. Algumas importantes questões a serem respondidas por tal pesquisa são: quando se deu a mudança no nome daquele lugar, de Ares para Arez, que transformou completamente tanto a sua pronúncia quanto o seu significado? Qual foi o porquê de tal mudança? A quem interessava tal modificação? Deixo registradas aqui mais essas idéias, visando a investigações futuras…
Por fim, é preciso reconhecer que a admirável hipótese de Cleudo Freire, sem dúvida alguma, nos oferece um riquíssimo tema para a investigação histórica, seja para pesquisadores do Brasil ou de Portugal, seja para os arezenses – potiguares ou lusitanos – interessados no resgate de suas origens. Inclusive, esse assunto do “exílio” forçado de “cristão-novos” em terras norte-rio-grandenses, e no Nordeste, de modo geral, vem sendo estudado com bastante entusiasmo na atualidade[9].

A hipótese de André Sales:

Partindo de minhas próprias pesquisas sobre a origem e o significado da palavra Arez, e tomando por base o Foral de Marvão, de 1226, o mais antigo documento histórico conhecido a citar o nome da Arez lusitana (Portugal, 1964: 505), escrito naquela época como sendo Ares (com /s/ no final), levanto então a hipótese de que o nome daquela pequena freguesia portuguesa pode ter sido uma homenagem ao mitológico Ares, o impiedoso deus grego da guerra[10].
Naqueles anos de 1220, o Ocidente encontrava-se em plena Idade Média; por essa época, a Igreja Católica era a proprietária de meia Europa, e já se preocupava com as heresias e fundava suas Inquisições, buscando destruir – em seus domínios – todas as formas de religiões diferentes, mulçumana, hebraica, etc.
Dessa forma, sabemos que não interessava à Igreja Católica a difusão da cultura grega, considerada pagã, inclusive, os textos gregos eram proibidos, porque “sendo pagãos, poderiam pôr minhocas nas cabeças que a Igreja esforçava-se por cristianizar e manter cristianizadas” (Lajolo, 1982: 59). Da mesma maneira, pode-se afirmar que não interessava ao catolicismo, por exemplo, manter o nome da pequena freguesia de Arez, em Portugal, como uma homenagem a um deus grego (Ares).
Assumindo-se essa hipótese como verdadeira, minha suposição é que ao invés de mudar o nome do lugar, o que talvez não viesse a apagar da cultura popular o costume adquirido pela tradição, optou-se então por mudar apenas uma letra daquele pequeno nome, transformando-se, desse modo, a sua fonação. Ou seja: com a trasladação do nome daquele povoado, de Ares para Arez, obtinha-se também uma mudança de fonação, de /Áres/ para /Arêz/, o que transforma completamente o sentido da palavra, fazendo-se surgir, assim, um nome novo, diferente (Arez), ao mesmo tempo em que se ocultava a referência a Ares, um deus pagão.
No entanto, tal como as demais hipóteses, a minha também carece de comprovação documental, pois da mesma forma que não há provas, por exemplo, de que tenha havido o culto ao casal de deuses pré-romanos Arêncio e Arência naquela região – onde se encontra a Arez lusitana –, o que pode a vir a invalidar a hipótese de esta toponímia ser uma homenagem ao deus Arêncio, também não há provas de que o deus grego Ares tenha sido ali cultuado.
Desse modo, igualmente às hipóteses anteriores, minha suposição nem pode ser declarada como sendo verdadeira e nem pode ser descartada, como estando errada. Talvez, como todas as conjecturas aqui avaliadas, essa hipótese pode também, algum dia, ser revelada como estando correta.
A única alternativa que nos resta é esperar que, a partir de outras pesquisas, em breve apareçam provas concretas acerca do significado do nome daquela freguesia portuguesa e, em conseqüência, de nossa Arez norte-rio-grandense.
Por fim, resumindo o exposto até aqui, pode-se também imaginar que, talvez, em algum momento dessa História, alguém tenha decidido alterar o nome do deus grego Ares para outra palavra, e dessa forma, mudando apenas uma letra, no final daquele nome – já que sabemos que Ares tornou-se Arez –, teria também transformado o seu sentido; e essa idéia, note-se, pode ter partido tanto de pessoas de origem católica, contrárias a homenagem feita a um deus pagão, quanto de habitantes de origem judaica. Ou seja: a antiga referência a um deus da guerra (Ares) teria sido então, com a mudança de somente uma letra, trasladada para uma bela palavra hebraica (Há-Érets: Terra, Arez), segundo a hipótese levantada por Cleudo Freire, numa homenagem à “Terra Prometida”.

4. Conclusão:

Para concluir o assunto, é preciso ainda ressalvar que a mudança ocorrida na escrita do nome de Arez – mexendo-se em apenas uma letra (de Ares para Arez) e transformando inclusive o seu significado –, que se deu em algum tempo da História ainda desconhecido, pode também ter acontecido por uma mera coincidência, por uma mera convenção socialmente imposta, advinda da forma mais comum das pessoas escreverem a palavra (que seria usando-se mais o /z/ no final). É necessário, portanto, levar em consideração, também, a hipótese de que talvez não tenha havido, nesse caso, nenhum interesse (político ou religioso) por trás dessa mudança etimológica…
Devo concluir então, para não ser acusado de ter esquecido alguma outra hipótese, lembrando que o escritor potiguar João Alfredo de Lima Neto, em seu livro Anotações Sobre a História de Arez, lançou a proposição de que o nome Arez: “Significa dente do mestre, supõe-se alguma divindade remotíssima” (2000: 29). No entanto, esse autor não cita a fonte documental da qual teria retirado tal suposição, o que torna a sua conjectura não inválida, mas, carente de comprovação histórica; ou seja, até hoje, ninguém apresentou meios de confirmar se esta proposição tem alguma lógica que, pelo menos, a sustente como uma hipótese válida para análise.

5. Referências:

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[1] Escritor, estudioso da História e da Cultura de Arez, tem bacharelado e mestrado em Serviço Social. Atualmente, é assessor de cultura do Prefeito Municipal (Dr. Erço Paiva), assistente social da zona rural de Arez e sócio efetivo da União Brasileira de Escritores (UBE/RN).
[2] Os mais importantes trabalhos que versam sobre a ocupação holandesa no Nordeste do Brasil são: o livro de José Antônio Gonsalves de Mello, Tempo dos Flamengos (2001), e o de Câmara Cascudo, Geografia do Brasil Holandês (1956), verdadeiros clássicos acerca do tema; de Evaldo Cabral de Mello: Rubro Veio (1997) e Olinda Restaurada (1998). Especificamente sobre a invasão neerlandesa no Rio Grande do Norte, e sempre fazendo referências à Ilha dos Flamengos, em Arez, pode-se consultar: Os Holandeses no Rio Grande do Norte, de Câmara Cascudo (1949); de Olavo de Medeiros Filho: Os Holandeses na Capitania do Rio Grande (1998) e “Os Primórdios da História de Arez” (2003); e de André Sales, Câmara Cascudo: O que é Folclore, Lenda, Mito e a Presença Lendária dos Holandeses no Brasil (2007).
[3] Etimologia é o estudo da origem e da evolução das palavras, em diferentes estados anteriores da língua, quer na forma mais antiga conhecida, quer em alguma etapa de sua evolução, até chegar ao étimo: o termo que serve de base para a formação de uma palavra – pode ser uma forma antiga, do mesmo idioma ou de outro, de que se origina a forma recente (Houaiss, 2009: 847).
[4] Durante o reinado de Dom José I, o Marquês de Pombal foi – entre os anos de 1750 e 1777 – o onipotente Secretário de Estado do Reino, uma espécie de “Primeiro Ministro”. Unindo monarquia absolutista e racionalismo iluminista, Pombal foi um importante personagem de nossa História porque: provocou a expulsão dos jesuítas de Portugal e suas colônias, em 1759, incluindo-se aí o Brasil, transformando as antigas missões indígenas em Vilas (tal como ocorreu na Arez potiguar); transferiu então o sistema de ensino das mãos da Igreja para a responsabilidade de professores leigos; extinguiu o regime de Capitanias Hereditárias no Brasil (em 1759); mudou a capital da Colônia, de Salvador para o Rio de Janeiro, em 1763; e ajudou na extinção da Inquisição no império português, proibindo a prática dos “autos de fé” e a discriminação aos cristãos-novos (Franchini Neto, 1981), ainda que a Inquisição portuguesa só tenha sido definitivamente extinta em 1821. Mesmo sendo o resultado de ordens régias anteriores, datadas de 1536, o Tribunal do “Santo” Ofício foi “definitivamente estabelecido” em Portugal no ano de 1547 (Novinsky, 1994: 36; Cascudo, 2001b: 90), tendo alcançado também o Brasil, de 1591 em diante, inicialmente na Bahia e em Pernambuco. O livro de instruções fundamental era o Monitório do Inquisidor Geral, escrito em 1536 por D. Diogo da Silva, tendo se tornado, nas palavras de Cascudo (2001b: 92): “o código orientador das denúncias e confissões”.
[5] Apenas a título de esclarecimento, os primeiros registros documentais conhecidos que tratam do povoamento da Arez potiguar, datados de 1605, atestam que naquela época já habitavam aqui os indígenas da Aldeia de Jacumaúma, de língua Tupi. No Traslado do Auto da Repartição das Terras da Capitania do Rio Grande (1909: 44, 73), encontram-se inscritas as duas primeiras datas de terras doadas na região de Arez a pessoas de origem européia: a de n° 86, foi concedida pelo Capitão-Mor Jerônimo de Albuquerque, em 11/10/1605, ao português Domingos Sirgo; o registro faz referência ao “pacoval [bananeiral] de Jacumahuma”, perto do Rio Jacryhu (atual Rio Jacu). Como Domingos Sirgo “nunca fez benfeitorias” nas terras, em 1614 essa data de terra havia sido devolvida e já estava então doada às filhas de Manuel Rodrigues de Souza Forte, servindo para “gados e mantimentos”. Também o registro da data de terra n° 181, concedida pelo Capitão-Mor Francisco Caldeira de Castelo Branco, em 11/12/1613, ao mesmo Manuel Rodrigues – para “pastos e roças, e canas” –, cita também a existência, nas proximidades, da Aldeia de Jacumahuba.
[6] As habilidades etimologistas de Câmara Cascudo são incontestáveis, e há exemplos espalhados por toda a sua erudita obra: como ocorre em seu interessante livro Made in África (de 1965), que é um trabalho eminentemente de etnografia, no qual o autor expõe diversos pontos de contato entre a cultura popular brasileira e a africana, mas que também demonstra as preocupações de Cascudo com a origem e o significado das palavras, percorrendo em suas análises, inclusive, diversos idiomas; também serve de exemplo o seu Ensaios de Etnografia Brasileira (de 1971). Já o livro Nomes da Terra, de 1968, é um verdadeiro “Tratado” de Etimologia norte-rio-grandense.
[7] Em 1647, Gaspar Barléu publicou seu famoso livro História dos Feitos Recentemente Praticados Durante Oito Anos no Brasil, no qual está incluído um exuberante mapa da geografia do Nordeste durante a ocupação holandesa (1630-1654), de autoria do cartógrafo Jorge Marcgrave, desenhado em 1643 – ornamentado com gravuras do jovem pintor holandês Frans Post. Registrados nesse mapa, encontramos alguns lugares da Arez potiguar, tais como: a Aldeia Aranum (grafada como Araunu), a Lagoa de Guaraíras (Guiraraíra), o Rio Limoal (Irimuá), o Rio Urucará (Uricará) e o Rio do Meio (Nambutiú). Evaldo Cabral de Mello (1997: 46) já chamou a atenção para a “grafia estropiada” da toponímia nordestina tal como era escrita pelos holandeses, e incorporada à sua “rica cartografia”. Reproduções de trechos do Mapa de Marcgrave, onde aparecem com clareza os pontos de Arez citados, podem ser vistos em: Gaspar Barléu (1974); Medeiros Filho (1989); e Lima Neto (2000).
[8] Um dos exemplos mais famosos na área da etimologia, em se tratando de palavras de origem obscura, e da existência de várias hipóteses acerca de sua gênese, significado ou pronúncia, tal como ocorre como o nome de Arez, é que nunca se soube, nem jamais saberemos, como se falava o nome de Deus na época do Antigo Testamento bíblico, texto no qual o nome divino é citado em torno de 6.000 vezes. Neste caso, sabe-se apenas que a palavra era então representada pelas letras YHWH, porém, não existe “certeza” de como era a sua pronúncia no dia a dia dos hebreus, nem se sabe qual é o seu significado. Na atualidade, o normal é traduzir-se o nome de Deus como sendo Javé (Yahweh), ou Jeová, contudo, esta é uma convenção social. Como define Câmara Cascudo (2001a: 64): “As etimologias, em percentagem esmagadora, são conjecturasconvenções”. Já nas palavras do crítico shakespeariano Harold Bloom (2006: 151-152): Javé “é apenas uma conjectura, porque a tradição guardou o nome sagrado”. Ou seja, na contemporaneidade nós apenas imaginamos como se falava a palavra IHWH, que é apenas um pedaço, escrito, da palavra inteira, que era apenas falada. Bloom ainda complementa que “o significado do nome [Javé] é tão obscuro quanto a pronúncia”. No caso da palavra Arez, também não se sabe nem a sua origem e nem o seu significado, além dela ter mudado, com o correr dos anos, sua forma de escrita e de pronúncia: de Ares, no passado, para Arez, na atualidade. que ficam sendo
[9] Um trabalho fundamental – que trata da chegada de judeus ao Brasil –, principalmente portugueses e seus descendentes (os sefardim, ou sefarditas), referindo-se especificamente ao Nordeste e embasado em documentos originais dos anos 1600, é o livro clássico Tempo dos Flamengos, escrito por um dos maiores historiadores do Brasil, o pernambucano José Antônio Gonsalves de Mello (2001: 258 a 275). Descobridor da primeira Sinagoga das Américas (Kahal Zur Israel), erguida provavelmente em 1637, no Recife, em seu livro este autor revela a presença, no Nordeste, de sobrenomes de ascendência incontestavelmente judaica, tais como: Fonseca, Navarro, Martins, Castro, Nunes, Faria, Oliveira, Pereira, Azevedo, Mendes, Aguiar, Torres, Dias, Frazão, Lemos, Correia, Pinto, Castanho, Saraiva, Mesquita, Coelho, Guimarães, Mota, Cardoso, Bloom, etc (Mello, 2001: 275). Outro clássico sobre o tema, em se tratando da região Nordeste, é o livro de Câmara Cascudo, Mouros, Franceses e Judeus: Três Presenças no Brasil (2001b: 90 a 111), que traz um importante texto sobre o assunto. Especialmente em termos de História norte-rio-grandense, são imprescindíveis os livros: Velhas Famílias do Seridó, do saudoso Olavo de Medeiros Filho (1981); Natal: Uma Comunidade Singular, de Egon e Frida Wolff (1984); e Raízes Iberas, Mouras e Judaicas do Nordeste, da célebre teatróloga Lourdes Ramalho (2002).
[10] Grécia e Roma são as civilizações Ocidentais que mais se destacaram na História da Antiguidade Clássica, sendo a Grécia a mais importante daquele período. Constituída inicialmente por povos Jônios e Aqueus, os gregos se consideram descendentes de Heleno (filho de Deucalião), sobrevivente de um dilúvio provocado por Zeus. Daí advém o sinônimo de Hélade para a Grécia, e de helenos para seus habitantes. A cerca de dois mil anos antes de Cristo, a Grécia foi invadida pelos Dórios, que era um povo eminentemente guerreiro, dos quais viria a descender a aristocracia grega dos espartanos, cuja vida social girava em torno, essencialmente, da formação de guerreiros. A cultura dos Dórios, porém, era inferior à dos povos conquistados: a coluna dórica, por exemplo, de capitel reto e sem ornamentos, se comparada aos dois outros estilos de colunas gregas (jônico e coríntio), é esteticamente a mais pobre. Os Dórios obrigaram então os Aqueus a fugirem e ocuparem a Ilha de Creta, já bastante civilizada na época. De religião antropomórfica e politeísta, a cultura helenística adorava deuses semelhantes aos homens, possuindo igualmente fraquezas, virtudes e paixões; desse modo, havia geralmente um deus para cada aspecto da natureza e das atividades humanas. Para os gregos, portanto, Ares era adorado como o deus da guerra. Mais tarde, conquistada a Grécia pelos romanos, houve uma latinização das grandes divindades: Zeus, o pai dos deuses gregos, passou a ser identificado com o deus romano Júpiter, assim como ocorreu, da mesma forma, com Atena (Minerva), Artêmis (Diana), Posseidon (Netuno), Dionísio (Baco), etc. Nesse contexto, Ares, filho de Zeus e Hera, passou a ser identificado com Marte, o deus romano da guerra, que, por sua vez, também era um deus muito importante, ao ponto de ser tido como o mitológico pai de Rômulo (fundador de Roma e seu primeiro Rei) e Remo, concebidos com a humana Rea Sílvia (Souto Maior, s/d: 68-78)."

IN"União Brasileira de Esccritores RN - Nave da Palavra"
13
Fev11

A FORAL DA VILA DE AREZ

DELFOS

O Foral da vila de Ares foi atribuído por D. Manuel I, e dado pelo Mestre da Ordem de Cristo à vila de Nisa, cujo termo foi a dita vila de Ares, em 20 de Outubro de 1517, na cidade de Lisboa.

No que diz respeito à organização do território do país, mais concretamente no Oriente da Beira, as notícias da Reconquista são escassas, enquanto se organizava a faixa de entre Mondego e Tejo, estes lugares permaneceram esquecidos ou abandonados, e só nos últimos decénios do séc. XII nos apareceram os primeiros forais e as doações efectivas à Ordem dos Templários.

Na organização dos territórios conquistados durante a época portuguesa tiveram papel fundamental as ordens militares, assegurando a defesa, com a milícia disciplinada e aguerrida e uma cintura de castelos, e promovendo o povoamento e agricultura de lugares ermos ou assolados pela guerra.

O referido documento consta nos Forais Manuelinos entre Tejo e Odiana.

É composto por 11 folhas e 2 regras, e foi assinado por Fernam de Pina e a sua estrutura compõem-se da divisão entre 3 capítulos: Montado, Sesmarias e Tabelião.

Após a devida análise do respectivo documento, as informações gerais obtidas foram as seguintes:

No que se refere ao

Capítulo do Montado, o referido Foral dá-nos a informação de que o Montado da vila é todo da Ordem de Cristo e dos seus comendadores, isentamente para o poderem arrecadar ou aproveitar para si como quiserem, o pasto das ervas, como a lande, a bolota e a rama, pelos preços que acordarem com limitação e declaração que os vizinhos e moradores em Ares e seu termo não pagarão à Ordem nem ao Mestre, nem ao comendador, nenhum foro, nem tributo pelas coisas do dito montado.

Antes poderão sempre pastar e montar com todo o seu gado e bestas, em todas as landes, bolotas, ervas e rama do montado do termo. E com todas as pessoas de fora que vierem arrendar o dito montado e montanheira sem por isso pagarem nenhuma coima, nem pena, nem tributo, como o estavam obrigados a fazer.

O Capítulo das Sesmarias, indica-nos que as Sesmarias e os Maninhos, serão dados pelo oficial da Ordem de Cristo e que serão mantidas todas as leis e ordenações das respectivas Sesmarias, as quais serão dadas sem nenhum tributo nem foro. E por conseguinte serão e ficarão património dos herdeiros e sucessores daqueles que primeiramente lhes foram dadas.

Defendem que todos os oficiais e pessoas a que pertencer, que não tomem nem tirem nunca a sucessão das ditas sesmarias às pessoas que por direito lhes pertencer posto que algumas vezes costumassem fazer o contrário, mas defendem e mandam que nunca mais se faça.

Por fim, no Capítulo referente ao Tabelião, do qual os moradores de Ares se queixam de que são mal servidos porque são da Amieira, e então mandam que sobre isso seja requerido o mestre e seus oficiais, e enquanto não forem providos, podem tomar estormentos perante o monarca, que terão provisão segundo o que for justo.

E o capítulo do Gado do Vento106 e o da pena darma e assim há portagem com todos os capítulos, adições e condições até o fim do capítulo da pena do foral em tudo o que é a vila de Ares tal como Nisa, sem acrescentar ou diminuir.

No que se refere ao

Capítulo do Montado, o referido Foral dá-nos a informação de que o Montado da vila é todo da Ordem de Cristo e dos seus comendadores, isentamente para o poderem arrecadar ou aproveitar para si como quiserem, o pasto das ervas, como a lande, a bolota e a rama, pelos preços que acordarem com limitação e declaração que os vizinhos e moradores em Ares e seu termo não pagarão à Ordem nem ao Mestre, nem ao comendador, nenhum foro, nem tributo pelas coisas do dito montado.

Antes poderão sempre pastar e montar com todo o seu gado e bestas, em todas as landes, bolotas, ervas e rama do montado do termo. E com todas as pessoas de fora que vierem arrendar o dito montado e montanheira sem por isso pagarem nenhuma coima, nem pena, nem tributo, como o estavam obrigados a fazer.

O Capítulo das Sesmarias, indica-nos que as Sesmarias e os Maninhos, serão dados pelo oficial da Ordem de Cristo e que serão mantidas todas as leis e ordenações das respectivas Sesmarias, as quais serão dadas sem nenhum tributo nem foro. E por conseguinte serão e ficarão património dos herdeiros e sucessores daqueles que primeiramente lhes foram dadas.

Defendem que todos os oficiais e pessoas a que pertencer, que não tomem nem tirem nunca a sucessão das ditas sesmarias às pessoas que por direito lhes pertencer posto que algumas vezes costumassem fazer o contrário, mas defendem e mandam que nunca mais se faça.

Por fim, no Capítulo referente ao Tabelião, do qual os moradores de Ares se queixam de que são mal servidos porque são da Amieira, e então mandam que sobre isso seja requerido o mestre e seus oficiais, e enquanto não forem providos, podem tomar estormentos perante o monarca, que terão provisão segundo o que for justo.

E o capítulo do Gado do Vento e o da pena darma e assim há portagem com todos os capítulos, adições e condições até o fim do capítulo da pena do foral em tudo o que é a vila de Ares tal como Nisa, sem acrescentar ou diminuir.

Segundo os Quadros comparativos

(Anexos II e III) dos Forais de Nisa, Montalvão e Alpalhão, todos Comendas da Ordem de Cristo a sul do Tejo, pode notar-se a diferença sobretudo na estrutura do documento, mas também que o Foral de Ares é de facto o mais tardio, uma vez que os restantes foram atribuídos no ano de 1512 e apenas o de Ares foi atribuído em 1517.

Da estrutura dos 4 Forais enuncia desde logo a diferença do de Ares, não pelo facto de apenas estar dividido em 3 capítulos, como é o único que refere as Sesmarias, enquanto os restantes têm todos em comum a referência de capítulos dedicados às Terras da Ordem e aos Maninhos e são constituídos por 4 ou mais capítulos.

Entende-se, talvez, pelo capítulo das Sesmarias e pelo que nos dá a entender ao longo do estudo que, Ares tem uma grande tradição de Sesmos, pelo que provavelmente também ali se esteja a aplicar uma medida proteccionista, dentro de Ares são propriedade alodial e talvez por isso mais protegida.

Ares era um termo de Sesmarias.

Foi desde o início uma terra que primou a sua importância pelos seus Sesmos, não só para Niza, de quem seria um proto-Concelho, como de vários Senhorios de fora.

"Arez da Idade Média à Idade Moderna: um estudo monográfico Leitão, Ana Cristina Encarnação Santos Tese de mestrado em História Regional e Local apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 2008 http://catalogo.ul.pt/F/?func=item-global&doc_library=ULB01&type=03&doc_number=000546695

http://hdl.handle.net/10451/1738"

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