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A TERRA do ALTO ALENTEJO

A TERRA do ALTO ALENTEJO

12
Fev11

ALPALHÃO E ANTÓNIO MARTINS MACHADO

DELFOS

DOUTOR ! (?)

Claro que o foi !!!

É mais um da gente que um dia a fez muita grande.

É esta a Vila de Alpalhão que o sangue ainda nos corre e ainda temos o gosto de uma grandiosa alma e um ser gente que um dia foi do mundo e tanto muito lá viajou e na mente humana e na terra lá andou lá liberto.

Que maravilha é este ser e este nosso povo o que nos ficou e "não há machado que corta a raiz ao pensamento" ai não...

Ela é do mundo esta donzela e mulher a terra de Alpalhão!

Mas o Dr. António Martins Machado foi bacharel.

Foi formado em Teologia pela Universidade de Coimbra.

A sua formaturs foi em 1897.

Tinha que vir para o Alentejo. Tinha que vir para estas paragens.

Depois da sua formatura, em Portalegre, o senhor doutor fixou a sua residência. Na cidade do Régio, "a mais alta do Alentejo" foi professor no Seminário.

Foi professor de literatura portuguesa e de teologia dogmática geral.

Em Portalegre o foi lá também nomeado Cónego capitular da Sé. A posse do canonicato a tomou em 1 de Dezembro de 1907.

Partiu...

Faleceu em Portalegre.

Foi sepultado nesta cidade a 27 de Março de 1915.

Terrível!

Terrível é sempre esta coisa quando se a ela é obrigado a deixá-la ficar pela meia e não se lhe aperta o papo...

O blog sabe que nasceu a 22 de Junho de 1868.

12
Fev11

POPULAÇÃO E DINÂMICAS DEMOGRAFICAS NO NORTE ALENTEJANO

DELFOS

As dinâmicas demográficas do Norte Alentejano no século XX acompanham as evoluções verificadas ao nível da NUTS II Alentejo, registando-se um crescimento populacional contínuo na metade do século (especialização e expansão do modelo agrícola cerealífero), seguindo-se um período acentuado de perda até aos anos 70 (regressão da agricultura, êxodo rural) e depois um período de menor decréscimo populacional.

No período entre 1991 e 2001, o Norte Alentejano perdeu cerca de 9% da sua população.

Todos os municípios registaram decréscimos populacionais, no entanto, os municípios de Gavião (- 17,4%), Crato (-14,1%), Nisa (-12,9%) e Alter do Chão (-11,3%) foram os que apresentaram maiores perdas populacionais. O município de Campo Maior foi o que registou uma menor perda populacional.

Em 2001, a população residente nos doze municípios em estudo era de 79.166 indivíduos, um valor inferior ao da região Alentejo (24,4) e bastante inferior à densidade populacional de Portugal continental (110,9).

Dos doze concelhos em análise, sete possuem menos de 5 mil habitantes e apenas um (Elvas) possui mais de 20 mil habitantes.

Quanto à densidade populacional, o Norte Alentejano apresenta uma densidade populacional baixa, cerca de 19,9 hab/km.

Os concelhos de Monforte e Avis apresentam densidades populacionais inferiores a 10 hab/km. Campo Maior apresentam uma densidade populacional superior a 30 hab/km.


Nisa, Castelo de Vide, Crato, Alter do Chão e Arronches registam densidades populacionais que variam entre os 11 e os 20 hab/km.

Entre 2001 e 2008 o ritmo de recuo demográfico acentuou-se para o conjunto da região que registou tendências regressivas quer ao nível do saldo natural quer ao nível do saldo migratório, destacando-se os concelhos de Arronches, Castelo de Vide, Avis e Campo Maior por evidenciarem capacidade para atrair fluxos populacionais (saldos migratórios positivos) ainda que em volume insuficiente para contrariar as perdas ao nível dos respectivos saldos naturais (PTDNA, 2008).


A evolução da densidade populacional, de 2001 a 2008, de cada um dos doze municípios em análise. Verifica-se uma quebra generalizada das densidades populacionais quer dos municípios

quer da região. O município de Campo Maior é o único que foge a esta tendência registando uma densidade populacional maior em 2008 do que em 2001.

Em relação à estrutura etária da população residente no território em análise o envelhecimento da população também se acentuou a partir da década de 50 do século XX.

O território em estudo apresenta um elevado envelhecimento populacional, registando cerca de 30% da sua população com mais de 65 anos. É nos municípios de Gavião e de Nisa que o envelhecimento populacional é maiselevado, representando cerca de 39 e 36% da população residente, respectivamente.

Como se pode observar, os índices de envelhecimento destes doze concelhos são bastante elevados em relação à média nacional (104,5%) e mesmo em relação ao valor da região (162,6%) e da sub-região Alto Alentejo (195,7%). O concelho de Gavião é o mais envelhecido com um índice de envelhecimento de 429,6%, seguido do concelho de Nisa (369%), Crato (333,9%) e Marvão (295,2%).

Os concelhos de Elvas e de Campo Maior são os concelhos mais jovens do território em análise.

UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE CIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA ANIMAL / Agenda 21 Local. O Caso de Estudo do Norte Alentejano. /Maria José Almeida Dias de Sousa / Lisboa / 2009 / DISSERTAÇÃO ORIENTADA PELO PROFESSOR DOUTOR FILIPE DUARTE SANTOS E PELO PROFESSOR DOUTOR JOÃO FARINHA.http://hdl.handle.net/10451/

12
Fev11

O ALENTEJO FICOU EM SEGUNDO

DELFOS
"Foram dez os vinhos do Douro distinguidos com o Prémio Excelência. A segunda região mais premiada, o Alentejo, apenas obteve cinco primeiros galardões na categoria dos “melhores entre os melhores”, logo seguida pelo Dão, que teve quatro vinhos dos 33 Prémios Excelência distribuídos.

O ano 2010 viu aparecer no mercado os vinhos tintos da vindima de 2008 e alguns da colheita de 2007, dois dos melhores anos da década, e ainda os brancos de 2009, que, “apesar de não ter sido uma vindima fácil, originou brancos de excelente qualidade em todas as regiões do país”, afirmou à Lusa o director da Revista de Vinhos, Luís Lopes.

O responsável distingue ainda outra característica de 2010: “foi também um ano em que apareceram vinhos do porto tawny, velhos, de altíssima qualidade. Vinhos que as casas tinham em reservas há muitos anos e que em 2010 resolveram pôr no mercado”.

A Andresen, “uma pequeníssima empresa, mas com um histórico fantástico em tawnys velhos”, foi a que mais surpreendeu a revista, o que lhe valeu um dos 17 Prémios Especiais atribuídos, na categoria de Empresa 2010 – Vinhos Generosos.

O Prémio Empresa 2010 foi atribuído à Sogrape Vinhos. A revista reconheceu na maior empresa do sector em Portugal “a grande consistência de qualidade na gama [de vinhos] mais baixa”, mas sublinhou também o facto de os vinhos topo de gama deste rótulo terem atingido, tanto no Dão como no Douro, as classificações máximas atribuídas pela publicação.

“Pontuaram sempre nos primeiros lugares”, explicou Luís Lopes. O “sucesso” do investimento da Sogrape no estrangeiro, sobretudo na Argentina, “onde estão cotados como um dos maiores e melhores produtores do país, com sucesso tremendo no mercado mundial”, foi o argumento decisivo para a distinção da empresa.

A Sogrape Vinhos tinha já sido premiada em Janeiro pela influente revista norte-americana Wine Enthusiast como o melhor produtor europeu de 2010, pela capacidade de crescimento e desenvolvimento de marcas.

Entre os restantes premiados esta noite pela Revista de Vinhos, Anselmo Mendes foi distinguido como Produtor 2010. “Nós sabemos que [Anselmo Mendes] há muito faz excelência em alvarinhos, mas ele mantém essa consistência de excelência mas sempre com inovação. Todos os anos procura fazer coisas diferentes. E no ano de 2009 lançou aquele que para mim é um dos melhores vinhos brancos de sempre, que é o Anselmo Mendes Parcela Única”, justificou Luís Lopes."
http://economia.publico.pt/Noticia/douro-e-o-grande-vencedor-da-noite-dos-oscares-do-vinho_1479874 11.02.2011 - Por LUSA, Jornal Público.
12
Fev11

ESTAÇÃO ARQUEOLÓGICA DE ALBERTERIUM EM ALTER DO CHÃO

DELFOS
" Também o jornal PÚBLICO noticiou a descoberta do mosaico de Abelterium (Alter do Chão), mosaico que apresenta características especiais, dedicando-lhe um trabalho de desenvolvimento dias depois no PÚBLICO2. Sobretudo este último texto é longo mas deixa de ser interessante e curioso.

Arqueologia
Descoberto em Alter do Chão mosaico romano único na península

(PÚBLICO) 02.02.2009
As escavações arqueológicas na antiga cidade romana de Abelterium, próximo de Alter do Chão, Portalegre, trouxeram à luz do dia uma peça que, dizem os peritos, será única na Península Ibérica. Trata-se de um mosaico de grandes dimensões, datado do século IV, e que se encontrava no triclínio de uma casa que estava a ser escavada e que pertenceria a um aristocrata ou político, conforme explicou o arqueólogo Jorge António. A peça em causa, concebida em pasta vítrea de tons azuis, verdes e bordeaux, é uma representação homérica, da Ilíada, e tem no centro a figura de Medusa. A zona das escavações, também conhecida por Estação Arqueológica de Ferragial d'El Rei, deverá ser aberta ao público no dia 21 de Maio. Até lá irão continuar a decorrer trabalhos que poderão revelar novos achados. A intenção da autarquia, de acordo com o presidente Joviano Vitorino, é a de que a cidade romana de Abelterium possa vir a ser declarada como Património Nacional, valorizando um concelho rico em vestígios arqueológicos de diferentes eras.

César, Virgílio, Joviano, António e o mosaico mais belo do império

(PÚBLICO/Público 2) 16.02.2009 Paulo Moura (texto) e João Henriques (fotos)

Um mosaico romano de características únicas foi encontrado em Alter do Chão. É do século IV e representa o último canto da Eneida. Em ano eleitoral, a obra de Virgílio poderá fazer pelo presidente da câmara, Joviano Vitorino, o que, há dois mil anos, fez pelo imperador César Augusto. Vai poder ser visto a partir de 21 de Maio.
Eneias com o seu penacho característico, quebrado por ter sido atingido por uma lança. Dos dois lados da composição, frente a frente, guerreiros gregos e frígios. Entre as duas hostes, um medalhão com a figura da Medusa. Ao centro, prostrado aos pés de Eneias, o rei Turno implora pela sua vida.
Caio Júlio César Otaviano Augusto, em Roma, à semelhança de Joviano Vitorino, em Alter do Chão, precisava de consolidar o seu poder. A república tinha-se transformado em império, em 23 a.C., e, para o manter unido e submisso, era importante criar uma mitologia, uma epopeia e uma crença na natureza divina do poder imperial.
César chamou um poeta com provas dadas, Virgílio. Ou melhor: pediu a um amigo, também seu conselheiro e agente diplomático, muito rico e que gostava de apoiar as artes, um mecenas, que falasse com Virgílio. O mecenas que, não por acaso, se chamava Mecenas, pagou ao poeta para escrever uma obra melhor do que a Ilíada e a Odisseia juntas. No ano 19 a.C., o mesmo em que morreu, Virgílio compôs então a Eneida, um poema épico em 12 cantos que começa, mil anos depois, onde a Ilíada termina – a queda da cidade de Tróia.
Os primeiros seis cantos da Eneida, aliás, emulam a Odisseia, em termos de enredo e também na forma, enquanto a primeira parte da obra imita a Ilíada. Tudo junto, garantia Virgílio, superava a obra de Homero. Mas não a ignorava. Através de um sistema de referências a que os literatos chamam intertextualidade, alimentava-se dela. São comuns algumas personagens, bem como locais e eventos, para que ao leitor que conheça a Ilíada e a Odisseia esteja acessível uma fruição superior da própria Eneida.
Ao contrário do que se passa na Odisseia, protagonizada por um grego (Ulisses), o herói da obra de Virgílio é Eneias, um troiano que, a pedido da sua ilustre mãe, foge, após a destruição da cidade pelos gregos, com o objectivo de erguer uma nova cidade, uma nova Tróia, que será Roma. Eneias era um rapaz de boas famílias: o pai era Anquises, um príncipe troiano, mas a mãe era nada menos do que a deusa Vénus, que tivera com o mortal Anquises uma aventura extraconjugal. Também estava muito bem relacionado: o seu escudo foi construído por Vulcano, marido de Vénus e deus do fogo (à semelhança do que acontece com o escudo de Aquiles, na Ilíada), frequentava a casa de Plutão, o guardião dos Infernos, e aconselhava-se regularmente com Júpiter, o deus dos deuses.
Após muitas peripécias, guiado por um oráculo, Eneias chega à Itália. Aí, tem de combater o rei dos rútulos, Turno, a quem tinha sido prometida a mão de Lavínia, filha de outro líder local, Latino, rei dos latinos. Mas um oráculo aconselhara Latino a aceitar como genro um guerreiro estrangeiro. Eneias conta então com a ajuda de Latino e, protegido com o escudo forjado por Vulcano (onde estão gravados todos os acontecimentos da futura História de Roma), e aconselhado por um génio do rio Tibre, vence, numa luta corpo a corpo, o rei Turno. Tombado no chão, este implora pela sua vida, mas Eneias, após um momento de hesitação, trespassa-o com a espada. Desposa Lavínia, e o seu filho Ascânio, neto de Anquises e Vénus, será o avô dos futuros reis de Roma, que assim vêem garantida uma linhagem divina e uma História mítica, ligada aos gregos e aos povos da Itália. Virgílio cumpriu a sua missão, o imperador César Augusto ficou satisfeito.


A Casa da Medusa


Jorge António encontrou primeiro a cabeça de uma estátua de mármore representando uma rapariga. O penteado, em longas tranças puxadas para trás e apanhadas em rabo de cavalo, denuncia a moda da sua época. Basta averiguar quando se usava aquele visual feminino, e saberemos a que período pertence a estátua. Foi isto que pensou Jorge António, que é natural de Faro e arqueólogo da Câmara Municipal de Alter do Chão.
Uma coisa era certa: a presença da escultura era sinal da existência de uma casa muito rica, uma verdadeira domus. Até agora, já tinha sido descoberta a base de uma outra estátua, de Apolo, perto de uma zona de balneários termais, daquela que terá sido uma importante cidade romana e está hoje soterrada sob a vila alentejana de Alter do Chão. A cidade chamava-se Abelterium e começou a ser escavada em 1954. A estação arqueológica desenvolveu-se na área entre o campo de futebol, uns terrenos pertencentes à coudelaria, e o pavilhão desportivo que viria a ser construído. Tornou-se perfeitamente visível a zona do hipocausto, onde o ar aquecido por uma fornalha de lenha circulava por baixo do chão, a do frigidário, onde corria água fria, a zona de massagens e a latrina comunitária. No decorrer das escavações, surgiria também a necrópole, onde, a julgar pelo luxo dos objectos depositados junto a cada corpo, estariam sepultados os elementos da elite da sociedade romana da época. Tudo levava a crer, portanto, estar-se na presença de uma grande cidade – uma civitas, e não um simples vicus (povoado).
Jorge António, 38 anos, trabalha há oito na Câmara de Alter do Chão. Concluíra a licenciatura em História e Arqueologia na Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa e estava desempregado. Enviou um currículo para a Câmara de Alter e conseguiu o lugar. Logo nesse ano de 2001, elaborou um projecto para a Estação Arqueológica de Ferragial d'El Rei, que só viria a ser aprovado em 2004. Foi nessa altura, com alguns apoios financeiros, que se iniciaram os trabalhos.
No seu Gabinete de Arqueologia, instalado em duas salas do edifício do Cineteatro de Alter do Chão, Jorge armazena, organiza e estuda os achados dos últimos anos, distribuídos por caixas rotuladas - "Fragmentos de estuque", "Elementos de adorno", "Cerâmica comum", "Moeda", "Vidro", "Aplicações para mobiliário", "Têxteis", "Lazer", "Iluminação doméstica"... Sobre uma mesa, o esqueleto quase completo de um homem, sepultado há cerca de 1500 anos. Tinha 1m e 62 cm de altura, entre 40 e 49 anos à data da morte, e era rico. É o que se sabe sobre ele.
Com estes elementos, e mais alguns fragmentos de estátuas, de frescos, de paredes, Jorge António ia imaginando a cidade que existiu naquele lugar, e que, a julgar pelos vestígios, nunca foi propriamente abandonada, até hoje. Terá havido uma continuidade de ocupação, desde as povoações pré-romanas, as visigóticas, árabes, cristãs, até ao castelo, construído em 1349 por D. Pedro, e à actual vila de Alter do Chão.
Mas foi há um ano e meio que fez a grande descoberta.

O mosaico

Perto do local onde encontrara a cabeça feminina, em mármore, viu surgir a figura de Eneias, composta em minúsculas tesselas de calcário colorido e outras de pasta vítrea, azuis, verdes e amarelas. Foi alargando a área exposta e trouxe à luz o imenso mosaico, de 53 metros quadrados, constituído por uma moldura geométrica e uma zona figurativa de inédito esplendor. Eneias, com o seu penacho característico, quebrado por ter sido atingido por uma lança. Dos dois lados do painel, frente a frente, guerreiros gregos e frígios, definidos pelos respectivos capacetes. Entre as duas hostes, um medalhão com a figura da Medusa. Ao centro do painel, prostrado aos pés de Eneias, o rei Turno, implorando pela sua vida. Em baixo, à direita, a figura de Vulcano, cuspindo fogo, e à esquerda a do génio do Tibre, de cujo jarro verte a água do rio, representada em tesselas de pasta vítrea azul e verde.
"A cena representa o último canto da Eneida", explica ao P2 Teresa Caetano, investigadora do Instituto de História da Arte da Universidade Nova de Lisboa e da Associação de Investigação e Estudo do Mosaico Antigo e da Associação Portuguesa para o Estudo e Conservação do Mosaico Antigo. "Turno está a pedir a Eneias que lhe salve a vida", diz a especialista, que já está a estudar o achado de Alter do Chão. "Há o deus Tibre, representado por um génio do rio, apoiado num vaso que deita água. Do outro lado está Vulcano, amigo da mãe de Eneias, que era Vénus, secando o rio, afrontando o génio do Tibre..."
Teresa Caetano nunca tinha visto um mosaico como este. Não há, no país, nem na península, nem talvez no mundo, mais nenhum desta qualidade e neste estado de conservação. O estudo, que vai durar, pelo menos, até ao final deste ano, ainda está no início. Mas já é possível tirar algumas conclusões: o mosaico é do século IV, do império romano tardio, e pertencia a uma casa muito rica. Naquela altura, como reacção ao cristianismo que alastrava, tornaram-se moda, entre os romanos não-cristãos, os mosaicos com motivos da Ilíada, Odisseia ou Eneida. Os homens ricos e influentes do mundo romano faziam questão de ostentar uma profunda cultura clássica, e uma ligação aos valores pagãos, que consideravam superiores aos do cristianismo. Era uma demonstração de status e poder.
Nada se sabe sobre o homem que mandou construir o mosaico de Abelterium, excepto que era muito rico e culto e que teria uma grande importância na cidade. O mosaico terá custado uma fortuna. Não foi feito, decerto, por um artista da região, porque não havia na península, que se saiba, uma escola com tal mestria. Mas sobre isto há várias teorias. Jorge António fala de artistas itinerantes que iam de casa em casa, com um catálogo de imagens. Teresa Caetano imagina uma espécie de "multinacional" da arte do mosaico, que teria "sucursais" em vários pontos do império. As próprias tesselas, que alguns historiadores pensavam serem feitas com materiais de cada local, parece afinal que eram produzidas numa mesma "fábrica", e transportadas de barco para as várias regiões. Os despojos de um navio, carregado de tesselas coloridas, naufragado ao largo das Berlengas, vieram confirmar esta teoria.
A maior parte dos mosaicos eram feitos por artesãos, que copiavam as imagens concebidas pelos "designers" da "multinacional", com ligeiras adaptações. Não terá sido o caso do painel de Alter do Chão. "A riqueza de pormenores, as sombras, a musculação, a própria técnica da perspectiva" denunciam a presença de um artista. Um verdadeiro pictor imaginarius, que terá vindo expressamente de Emerita Augusta (Mérida), capital da Lusitânia, ou mesmo de Roma, para produzir a obra na casa do magnata de Abelterium. Era um mestre, que se faria pagar a peso de ouro, mas terá desenhado o que o seu cliente pediu, como era normal na época. Mais ou menos pasta vítrea, para os detalhes dos olhos, a água ou o fogo, mais uma cena mitológica, mais uma personagem, tudo isto era decidido por artista e cliente, numa discussão erudita de quem dominava os clássicos.
Jorge António não duvida de que o proprietário da sua Casa da Medusa, como baptizou a domus do mosaico, era um homem culto. Entre as várias divisões que descobriu, conta-se um escritório (tablinum), o que mostra tratar-se de um intelectual. Desta divisão sai um corredor que liga aos quartos, ao peristilo - o jardim interior – e ao triclinium, ou sala de jantar, coberto pelo mosaico da Eneida.
"A casa deveria ter pelo menos o dobro do tamanho do que está à vista e, provavelmente, um segundo andar", explica Jorge António. "Era aqui que o dono recebia os seus convidados para jantar", continua, caminhando sobre o mosaico. "Ao centro ficava a mesa e aqui, à volta, os sofás, onde as pessoas se deitavam, como é descrito no Banquete de Trimalquião, de Satiricon", prossegue o arqueólogo municipal, que considera "urgente" continuar as escavações, e preservar os tesouros encontrados, não obstante a descoberta do mosaico ter ocorrido há um ano e meio e só agora ter sido divulgada. "Era um homem muito importante. Um aristocrata, um sacerdote. Talvez um político."

A epopeia de Joviano

Está a chover. A água infiltra-se nos interstícios das tesselas, fazendo-as saltar dos seus lugares. Joviano Vitorino, 50 anos, lembra-se de vir para aqui brincar, quando era miúdo. A escola que frequentava, na aldeia da Cunheira, tinha 80 alunos. Hoje, não tem nenhum, e fechou. "Lembro-me de vir a Alter, de fatinho, fazer o exame da 4.ª classe, em 1968. Brincávamos sobre as ruínas, levávamos pedras para casa." Alter do Chão tinha na altura dez mil habitantes. Hoje, tem quatro mil. "O poder central tem de começar a olhar para o interior do país de forma diferente", diz Joviano Vitorino, que é hoje presidente da Câmara de Alter do Chão, eleito pelo PSD. "A nossa riqueza arqueológica tem um potencial enorme, e a descoberta deste mosaico veio trazer outra dinâmica ao nosso projecto."
O projecto, a epopeia de Joviano Vitorino, é classificar Abelterium como Monumento Nacional, criar o Centro Interpretativo da Estação Arqueológica, no 1.º andar do Cineteatro, o Clube do Património, para trazer estudantes à estação, um núcleo museológico, o Corredor do Tempo, para as crianças, e uma cobertura especial para o mosaico da Casa da Medusa. Parte deste equipamento vai ser inaugurado no próximo dia 21 de Maio. Haverá também merchandizing – t-shirts, bonés, posters com réplicas do mosaico – e ainda uma piscina descoberta, um pavilhão desportivo e um estádio.
"Tudo isto atrairá turistas e criará empregos na região", explica o autarca, que espera obter fundos governamentais para o projecto. "Precisamos de milhares de euros, e vamos passar a bola da responsabilidade."
Um grupo de dissidentes do PSD tem sido muito crítico das acções de Joviano, e ameaçou desafiá-lo, nas eleições autárquicas deste ano, talvez apoiando o candidato do PS. Mas Joviano tem agora um trunfo que crê ser imbatível: o mosaico. O timing é perfeito.
"Vai ser inaugurada a IC13, que liga Portalegre a Alcochete. Ficaremos a uma hora e meia de Lisboa", diz Joviano Vitorino. Não há razão para que o mosaico seja levado para um museu da capital. "Não deixo que ele saia. Isto tem uma importância arqueológica enorme", diz o autarca, que entretanto se tornou especialista em cultura clássica. "Só por cima do meu cadáver."
12
Fev11

A LENDA DA SAFRA DA MOURA EM TOLOSA

DELFOS

"A Safra a Moura é um conjunto de enormes massas graníticas, situada entrre Tolosa e a Ribeira do Sôr, junto à Estrada Nacional n.º 118.

No seu interior, há uma espécie de refúgio, que tudo indica ser habitado, tendo em conta o seu aspecto.

Na realidade, a cobertura fuliginosa das pedras faz concluir que ali o fogo foi várias vezes ateado.

Segundo a lenda, durante as lutas da Reconquista Cristã, foi lá um cavaleiro mouro se refugiou com sua esposa, quando era procurado e perseguido pelos companheiros de armas.

Certa noite, abandonou o acampamento e partiu na companhia da sua inseparável esposa. Deixou então uma carta dirigida ao comandante do exército:

"Conheceis-me bastante bem para concluires que não é o medo da luta que me torna desertor. Nunca receei o confronto com o inimigo. As minhas armas nunca se baixaram, quando o perigo e a mprte mais se avizinhavam. Mas, pensei longamente nas razões invocadas para sustentar esta guerra, sem nunca ter encontrado uma única razão que a justificasse. Sempre ouvi fundamentar esta terrível contenda na incompatibilidade religiosa entre a Cruz e o Crescente. Semelhante justificação não passa de uma falsidade, com o fim de enconbrir os desejos expansionistas dos soberanos que tiranicamente nos governam."

Foram oferecidas quantias vultuosas a quem denunciasse o esconderijo do jovem mourisco.

Muitas pessoas da vizinhança foram largamente interrogadas. Mas ninguém violou o segredo. Embora cheios de fome e sofrendo as maiores carências, todos recusaram o ouro da traição e da denúncia.

O povo foi largamente compensado pela sua dedicação e firmeza. Não havia miséria que a jovem moura não secoresse, não havia sofrimento que ela não aliviasse, graças à enorme fortuna trazida para o seu esconderijo e aos largos conhecimentos de medicina constantemente evidenciados.

O cavaleiro mouro, porém, pouco aparecia. Nas raras vezes que era visto, apresentava sempre uma expressão triste e pouco comunicativa. O prestígio da esposa ainda mais o apagava aos olhos do povo. Muitos duvidavam da sua bondade.

Certo dia, uma pobre viúva, já fraca e curvada por tantos anos de sofrimento e miséria, encheu-se de coragem e foi à Safra implorar o auxílio e protecção da encantadora moura. Logo o seu coração se encheu de tristeza, ao ser recebida pelo marido. Porém, fazendo apelo à coragem, lá desfiou o seu rosário de lamentações. O cavaleiro ouviu-a pacientemente e entrou no interior do seu palácio subterrâneo. Regressou com uma cesta de carvões que ofereceu à pobre mulher.

Ela lá partiu desalentada, maldizendo a sua sorte. Pelo caminho, foi deitando fora bagos de carvão. para se aquecer ainda tinha alguma lenha... Precisava, sim de aquecer o estômago, e para isso não via remédio!...

Quando chegou a casa, dominada pelo desespero, esmagou o último bago de carvão que lhe restava. Porém, qual não foi o seu espanto, quando viu apareceu debaixo dos seus pés uma moeda de ouro, saída do interior daquelas partículas negras!

Imediatamente saiu de casa, trilhou o mesmo caminho, procurando insistentemente os carvões abandonados. Todos tinham desaparecido!...

Junto à Safra, o cavaleiro mouro aguardava a sua chegada. Disse-lhe então:

- Ouve, boa mulher, quando vi a dúvida e a tristeza vincadas no teu rosto, resolvi seguir-te, pois já esperava que deitasses fora os carvões. Aqui os tens novamente. Leva-os contigo e alivia a tua pobreza com essas moedas. Não queiras avalaiar as pessoas pela aparência!

Acredita que, enquanto a minha mulher distribui a comida e combate a doença, sou eu que aqui trabalho de dia e noite, preparando os alimentos e os remédios.

A partir dessa altura, depressa se espalharam as virtudes e as bondades do cavaleiro. O jovem casal todos os dias recebia provas do maior carinho e agradecimento-

A felicidade e a alegria, trazidas pelo casal mourisco, viveram muitos anos entre o povo humilde desta região."

in "PEQUENA MONOGRAFIA DE TOLOSA / ALZIRA MARIA FILIPE LEITÃO"

12
Fev11

CASA DO POVO DE GÁFETE

DELFOS

A Casa do Povo de Gáfete, de cuja direcção, como presidentes, se encarregagam os Srs. António Gouveia Botelho e Gervásio Gonçalves Carrilho, é uma instituição de grande valor na freguesia, dela colhento bastos benefícios os seus quatrocentos e dez sócios. Embora instalados numa sede bastante modesta, a sua acção é bastante vasta, quer no campo cultural, quer como assistencial.

A classe rural, olha com grande desvelo para a sua Casa do Povo, e com a sua presença e apoio, faz com que os seus dirigentes se esforcem cada vez mais e melhor. E, assim, vão dentro em breve pedir o auxílio do Estado, por intermédio da sua Junta Central, para que lhe seja concedido o subsídio necessário para a compra do terreno e construção da sua nova sede, integrando-se assim cada vez mais na função que lhe foi determinada. R. P.


Blog "ALENTEJO no NORTE" não sabe a data do referido texto e nem o nome onde foi colocado os elementos acima citados. Apenas sabe que o autor se assima por R. P.

12
Fev11

ALPALHÃO E O PADRE MANUEL DIAS

DELFOS

Mas muito se lhe agora em lá a generalis e agora se lá lhe diz a conquista lá o Tibete ou lá montanhas a montanha lá da zona ou de lá perto e se esquece em outrora os portugueses lá estiveram no séc. XVI e a coisa um bocadito mais difícil a fizeram e não havia limites e não deixa de ser a pedra em lá bravura...

É daquelas coisas "Somos os primeiros" e esta vila lá nos da frente e esta terra entre os primeiros. Que orgulho é lá que este povo...

É mesmo daquelas coisas que quem lá escreve, a satisfação, que não é Lisboa, a Lisboa o mesmo é este povo aqui tão perto...Daquelas coisas...

Nunca sabereis onde a escuridão começa...

Que se começa a escrever e logo... Fogo! Não sabe o blog "ALNTEJO no NORTE" se o Padre Manuel Dias, o amigo, homem lá do mundo, a alcunha, o cognominado «Sénior», o foi, a razão não esteve por ter um sobrinho também Manuel Dias, na igualdade, que na igualdade de posição celestial , o mais engraçado era também padre e ambos eram naturais de Alpalhão.

O primeiro e é neste que se vai falar nesta postagem.

Ele entra com dezasseis anos de idade no colégio da Companhia de Jesus.

É Évora.

Entra em Évora a 30 de Dezembro de 1576.

Não vale.

Blog lá não muita contente.

O blog confessa que não sabe quando nasceu. Não sabe quem era os seus pais lá em altura aquela em sua vida terrena...Sabe que o Reverendo partiu para a Índia em 1585. A nau que o transportava sofreu um acidente entre a Ilha de S. Lourenço e as costas de Sofala. Coisa lá aquela o célebre naufrágio está narrado na História Trágico-Marítima.

Muitos sofrimentos depois de muitos sofrimentos, o Padre Manuel Dias conseguiu chegar à Índia onde se ordenou de presbítero, iniciando então a sua vida de missionário.

Após dezasseis anos de experiências na Índia, em Goa onde terminou os seus estudos, em Chaul e Tana, onde foi responsável pelas residências jesuítas locais, entrou na missão da China onde lhe deram o apelido Li Mano-No Hai-lo em 1601.

Ano de 1596.

No ano de 1596 foi nomeado reitor do Colégio da Madre de Deus em Macau, sendo depois enviado a três províncias da China, deixando o cargo entre a Valentim de Carvalho.

A sua estadia em Nanquim baptizou um príncipe da família imperial que ali passava uma temporada e a quem deu o nome de José. Que não há um sem três - assim o pensa o blog - outros três familiares receberam a graça também pelo baptismo.

É Natal.

É dia de Natal.

No dia de Natal de 1608 Manuel Dias, inaugura uma igreja e duas capelas.

A vida não para.

Um ano depois era de novo chamado a Macau. Foi chamado a Macau para dirigir pela segunda vez, o colégio jesuíta.

Era prudente.

Este prudente religioso, profundo conhecedor da língua e culturas chinesas, escreveu em 1607 um "Memorial Apolegético", graças ao qual foi abortada uma perseguição contra jesuítas companheiros seus.

A informação.

A informação que em tempos modernos também não circula e diz que é democrática ou lá da terra do Crato. Em terras pequeninas a cuspir umas para as outras.

A informação?

Quem dá o que tem ou lá Lua passeira que não passa e mas Viva lá o Sol que tudo mostra e tudo revela em escuridão de alguma gruta que mais que seja ela lá resgatada.

É um período.

Será sempre o tempo.

Segue-se um período de escassa informação sobre o seu trajecto. Mas branca. Branca é a folha é a pureza ou folha de papel que nunca se escreve. Mas o blog compreende. Como o blog consegue lá compreeder tão bem aquele tempo lá passado...

Não sabe se na modernaça u é lá ainda mais que pior em tempo moderno que lá não aventureiro.

Sabe-se apenas que estava ainda em Macau em 1619.

Sabe-se que em 1636 Manuel Dias era nomeado Visitador da China, Japão, Tonquim, da Conchichina e dos Reinos de Sião, Ava, Camboja e Laos.

Um ano depois escrevia ao superior dos jesuítas, sugerindo-lhe que enviasse para o Oriente padres de diferentes nacionalidades, cada um deles com um talento especial, fosse no campo da pintura, da matemática, astronomia ou outra qualquer ciência ou arte...

Que homem ou lá a grandiosidade de fulano humano e tão do blog.

Manuel Dias faleceu em 1639.

Faleceu com oitenta anos de idade.

Está sepultado em Macau.

Na sua pedra tumular reza o seguinte: «O Padre Manuel Dias Visitador falleceo aos 22 de Novembro de 1639 está enterrado na Capella mor junto ao pé do arco da banda do Espírito Santo, começando da 3.ª pedra vermelha para dentro, e he a mesma cova em q. foi enterrado dantes o pe. Jeronimo Rois de Carvalho»....

Escreveu as cartas onunas de 1625 e de 1629, pelas quais é considerado um notável orientalista.

Nota:

Trabalho muito bem feito e a maior parte é transcrita de "Hojemacau-30-03-2007".

Foi um trabalho que o blog gostou muito de fazer.

É daquelas coisas que parece que se sente um orgulho em ser português. Não deixa de ser daquelas coisas em informação com que se estava a jogar, não deixa de existir muita contradição entre ela e das coisas que sobressai, entre algumas, é o dia da morte e o local onde está sepultado...


O blog talvez venha a voltar ao assunto.

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