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A TERRA do ALTO ALENTEJO

A TERRA do ALTO ALENTEJO

05
Abr11

A VILA DE TOLOSA NÃO SE ENCONTRAVA

DELFOS
 O “Sobral e Carvalhal” de Tolosa é o nome que identifica uma extensa herdade, cuja área ronda os 1.600 hectares.
 
O povo sempre a conheceu como “baldio”, mas os grandes senhores da terra, impotentes para administrar e cultivar as largas heranças recebidas, mas sempre sedentes de maior riqueza, tudo fizeram para o transformar em propriedade privada.
 
É nestas circunstâncias que os povos revelam a sua verdadeira força, enfrentando e transpondo os mais diversos obstáculos, fazendo apelo à coragem e ao querer colectivo, transmitindo a chama da esperança de geração em geração, não cedendo aos mais diversos ataques das forças repressivas e dominadoras.
 
Só por isso o Carvalhal é hoje um terreno altamente produtivo, onde todas as famílias têm um pedaço de terra bem agricultada.
Nos princípios do século passado – o blog aqui diz século dezanove – as famílias poderosas da terra auto-intitulando-se os legítimos descendentes dos povoadores de Tolosa, e jogando com a ignorância do povo, dividiram entre si esta extensa herdade.
 
Baseados nesta posse ilegal, mas cobertos pela força do poder, passados alguns anos, fizeram os registos dos terrenos na Conservatória do Registo Predial com base no direito de usucampião. 
Na intenção de criarem alguns adeptos e enfrequecerem a coesão popular, aforaram algumas courelas aos pequenos e médios proprietários da localidade.
 
Estes arvoraram-se, de imediato, nos defensores intransigentes dos grandes senhores da terra, como recompensa dos benefícios.
 
Porém, o povo anónimo, mas conscientes dos seus direitos, nunca suportou semelhante arbitrariedade.
 
À medida que os anos passavam, em vez de se generalizar o esquecimento sobre esta prepotência, mais se adensava a revolta popular.
 
Em 1873, no pleno apogeu da Monarquia Constitucional, a Junta de Freguesia de Tolosa, como legítima representante do povo, tenta justificar a posse do baldio, no Juízo de Direito da Comarca de Nisa.
 
Esta posse é relativamente conseguida.
 
Com efeito, a população fica com o direito ao fruto das árvores, na maioria azinheiras e sobreiros, e ao campáscuo (direito de usufruir os pastos comuns).
 
Passaram então a existir alguns rebanhos de ovelhas e cabras, pertencentes à população, mediante o pagamento de uma determinada taxa por animal.
 
As taxas eram cobradas pela Junta, que tinha o encargo de contratar e remunerar os pastores. Lutando contra as pretenções dos grandes proprietários, que viam fugir-lhes o domínio absoluto sobre a terra, a Junta passou a cobrar os foros.
 
No entanto, o descontentamento popular continuava a fortalecer-se, face ao desprezo e incultivo a que a terra era votada.
 
Todos entendiam que só a devisão da propriedade por todas as famílias poderia alterar a situação.
Com a implantação da República, surge nova esperança no coração do povo.
 
Alguns deputados, eleitos pelo distrito de Portalegre várias vezes levantaram a sua voz no Parlamento, em defesa dos direitos da população de Tolosa
 
Porém, os grandes proprietários, usando as suas corrosivas influências junto dos Ministérios sempre conseguiram impedir o parcelamento do Carvalhal    
 
Com a vitória da ditadura em 28 de Maio de 1926, as famílias poderosas ganham nova força.
 
Os anos 30 são muita difíceis para a povoação de Tolosa.
As sucessivas Juntas de Freguesia são da confiança dos ricos. Umas vezes, são eles próprios que as constituem, intitulando-se os legítimos representantes do povo!... Outras vezes, fazem nomear pessoas da sua inteira confiança, geralmente escolhidas entre os seus protegidos, que na prática nada diferem…
 
Mas o povo não abranda a sua luta.
 
Protesta abertamente na praça pública.
 
Retira várias vezes os marcos, que os ricos teimam em conservar, para delimitar as terras que dizem pertencer-lhes. Invade várias vezes o Carvalhal, para simbolizar a sua legítima posse. Mas, a força repressiva da Guarda Republicana não se fez esperar.
 
Confundem-se, prepositadamente, as realidades, as realidades, atribuindo um significado de movimentação política ao que não passa de uma simples defesa das regalias e direitos inalianáveis da população.
 
Com o rodar dos anos, a situação tornou-se insustentável para a classe dominante.
 
Os ricos concluíram que nada fazia alterar a vontade do povo. Então resolveram aceitar a divisão do baldio, desde que recebessem 2/5 da área total.
 
O povo estava farto de lutar, razão que o levou a aceitar a condição imposta.
 
A parte dos ricos, se não foi parar às mãos de terceiros através da venda, lá continua com o mesmo aspecto, que tinha em 4 de Março de 1951, data memorável da divisão do Carvalhal. A terra raramente é lavrada, o mato cresce e desenvolve-se livremente, raream os rebalhos que aproveitam as ervas daninhas!...
 
Em perfeito contraste, as 502 glebas, distribuídas pelo povo, produzem abundantemente. Foram plantadas mais de 5.000 oliveiras, que todos os anos produzem centenas de toneladas de azeitona.
 
Milhares de figueiras e outras árvores frutíferas surgiram naquela terra árida, durante muitos anos improdutiva.
 
Poucas são as famílias que ali não têm um pedaço de vinha.
 
Por toda a parte, foram abertos poços, que transformaram um campo seco e agreste numa imensidade de hortas verdejantes.
"PEQUENA MONOGRAFIA DE TOLOSA /  ALZIRA MARIA FILIPE LEITÂO"

 


 
Nestas coisas na literária, neste Alto Alentejo tão perdido, este concelho de Gavião onde a fome está nascendo, político na praça mandou o administrador do blog para a Sibéria e lhe disse um dia que as terras da Comenda, esta planície alentejana nunca teve baldios e algures lá numa reunião de Câmara Municipal.
 
Que descaramento o blog lho regista. E disse que a coisa não está registada e o blog sabe que está e conhece tão bem o referido assunto.
 
É tão terrível ter que passar ainda por mentiroso.
É muita difícil estas coisas da cultura por estas bandas de Gavião.

A quase tão perto de responder a alguém muita especial, a um simbolismo de um capote cortado por uma espada tão real, ou ainda não ter conseguido um monumento dedicado a todos e a todas que passaram alguns meses nos calabouços de uma prisão de Nisa. não deixa de ser muita terrível.

Ainda não conseguiu sequer que político da campina até ao momento presente, não ao blog, mas a todos e a todas, a este povo, a este povo do castelo e o do Vale da Feiteira, o nome de uma rua ou a uma praceta algures na campina ainda não se lho deu...
 
Mas é meus caros se não fosse o Cardeal Cereifeira o blog não sabe se esta terra hoje existia na campina.
 
Quase tão tão perto de transcrever aqui no blog, a acusação e a defesa, no tribunal de Nisa na altura.o blog anda lá ou está lá... 
 
Mas político diz que não tem e o blog sabe que tem.

O blog sabe que tem os dois documentos.

Talvez numa descontraída, lhe fazendo uma reviena, o blog, um dia, os venha a publicar e a valorizar o texto acima colocado.

No tocante a estas terras da Comenda, a coisa foi muito mais complicada.
 
Mas ela está tão bem explicada na Comenda...

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